O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), classificou nesta segunda-feira como “um julgamento um pouco meio fascista” as críticas que vem sofrendo por, ao discordar de um “detalhe” da Medida Provisória dos Portos (MP 595/2012), estar supostamente trabalhando contra o governo federal. Ele disse que debater 28 destaques ao texto, que deve ir à votação na noite desta segunda, “não é uma coisa simples”.
“Isso me parece um julgamento meio fascista às vezes, porque se colocam as pessoas em uma condição de que o bem está só de um lado e que quem discorda de um detalhe passa a estar com o mal. Não é bem assim que as coisas funcionam”, disse Cunha nesta tarde.
Na semana passada, às vésperas da primeira tentativa de votação, o líder do PMDB apresentou uma emenda que reunia em um único texto dez propostas feitas individualmente por parlamentares do seu partido, do PP, do PDT, do PSB e até do PT e que desfigura radicalmente o texto da MP aprovado na comissão mista. A proposta foi duramente criticada por líderes governistas.
Apesar de ter dito na semana passada que era contra votar a matéria nesta segunda-feira, o líder peemedebista negou que seu partido obstruiu a tramitação da medida provisória e ressaltou que a bancada foi a responsável por costurar o acordo que levou à aprovação do texto na comissão mista da MP. Ele destacou que o governo não tem “nenhum compromisso” com o parecer do líder do governo no Senado e relator da MP na comissão, Eduardo Braga (PMDB-AM), afirmando que vai vetar vários pontos, caso a proposta seja aprovada pelo Congresso.
Eduardo Cunha disse que é retirar “de certa forma a essência do parlamento” se os parlamentares forem tolhidos no direito de debater e discordar, às vezes do conteúdo de uma proposta legislativa. Para ele, a divergência entre PT e PMDB em relação à MP não pode contaminar a aliança em nível federal entre os dois partidos.
“Se em um momento de discordância essa aliança vai por água abaixo no conceito, alguma coisa está errada. No programa de aliança entre PT e PMDB não fazia parte que a gente tinha que concordar com a integralidade de todos os textos”, disse.