O sócio da gestora Mauá Capital e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo avalia que a atividade econômica se descolou da política e que ainda é factível o governo conseguir cumprir a meta de déficit primário de R$ 139 bilhões este ano. “Não é para se jogar a toalha do ponto de vista de alcançar a meta”, disse ao Estadão / Broadcast. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

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O governo vai conseguir cumprir a meta fiscal este ano?

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Nas nossas contas, ele está muito perto, não é para se jogar a toalha do ponto de vista de alcançar a meta com o que já temos hoje. Ainda é factível, embora seja bastante dependente de receitas extraordinárias. Se essas receitas não acontecerem, talvez tenha que fazer mais coisas. A dúvida está muito menos no resultado recorrente e mais nas receitas extraordinárias. Do ponto de vista de corte (de gastos) o governo fez o que era possível.

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Está mais difícil aprovar a reforma da Previdência?

Sim, se tornou muito mais difícil. O contexto da reforma piorou. Hoje a probabilidade de aprovação é baixa, 20%. Aumenta um pouco a chance se for só uma parte da reforma. Tudo ainda vai depender da sustentação política que o governo vai ter.

Qual sua avaliação sobre a decisão do Copom nesta semana?

A decisão do Copom em maio foi logo após o caso do JBS. Havia bastante dúvida de como as coisas iam andar naquele momento. De lá para cá o imbróglio político permaneceu. Por outro lado, teve um comportamento nas variáveis relacionadas ao ciclo econômico que não mostraram um aumento da perspectiva da inflação mesmo num contexto de não reforma.

Pode se dizer que a economia está se descolando da política?

Diria que sim. Não é um rompante, mas os mercados voltaram ao processo de normalidade, a economia não mostrou uma piora substancial depois do evento JBS. Isso foi falado no comunicado do Copom e vemos que a taxa de câmbio e os indicadores antecedentes de atividade seguem favoráveis.

Diria então que há espaço para mais cortes de juros?

Sim, o espaço de corte de juro é ainda maior do que se imaginava. Já tínhamos, há uma semana e meia, alterado a nossa projeção para 7% no final de 2017. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.