O Paraná registrou nesta semana as menores temperaturas desde o início do ano, com a ocorrência de geadas fracas em cidades como Palmas e Palotina. Na região de Guarapuava a mínima chegou a 0,8 graus, na segunda-feira, sendo a menor temperatura no Estado. Apesar da previsão do tempo indicar mais frio para os próximos dias, a chegada tardia das baixas temperaturas pode trazer queda na produção de alguns produtos agrícolas.

Na fruticultura, por exemplo, cultivares como figo, pêssego, uva e ameixa precisam do frio para induzir a floração. Segundo explica o engenheiro agrônomo da Emater de Cascavel, José Luiz Bortoloffe, a cultura do pêssego necessita de 150 horas de frio para uma boa produção. Já a maçã precisa de 800 horas de frio. “Se continuar essas temperaturas, com a frio fora de época, a tendência é produzir menos”, disse. Ele comentou que em Cascavel a falta de frio já fez com que alguns produtores reduzissem as áreas plantadas. Hoje existem apenas 20 hectares com a cultura do pêssego e oito hectares com a uva, para escala comercial.

As baixas temperaturas dessa semana ainda não chegaram a ser expressivas na olericultura. A previsão é que ocorram geadas fracas e a produção seja semelhante à do ano passado, quando foram produzidas 1 milhão e 590 toneladas, com destaque para a batata, tomate, cebola e couve-flor. O engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Maurício Tadeu Lunardon afirmou que no ano passado houve uma redução nas áreas plantadas no Estado em função das fortes e sucessivas geadas registradas em 2000. Naquele ano, os prejuízos na olericultura no Paraná atingiram cerca de R$ 10 milhões, com quebra de 80% nas culturas do pimentão e tomate e 100% nas folhosas.

Grãos

A produção de grãos de inverno no Paraná está estimada em 3 milhões de toneladas, cerca de 30% maior que no ano passado. Só o trigo deve atingir 2,43 milhões de toneladas. Os produtores do Estado começam a se recuperar das perdas registradas no inverno de 2000 quando houve uma quebra na produção de milho e trigo em 65%, e de 85% na cultura de café.

A engenheira agrônoma do Deral, Vera da Rocha Zardo afirma que o trigo está em fase susceptível, e se demorar para ocorrer geadas fortes nesse período, alguns regiões, como o norte, oeste e centro-oeste do Paraná, devem registrar prejuízos. “O frio na fase inicial do trigo é benéfico”, ponderou Vera, acrescentando que para ocorrer perdas é preciso analisar a época, localização e intensidade das geadas. Ela lembra que as priores quebras no setor de grãos do Paraná aconteceram em 1994 e 1975. “Na década de 70 uma geada dizimou as lavouras de café, e os prejuízos foram tantos que mudou o panorama econômico do Estado”, finalizou.

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