Um antigo integrante do governo e conhecido crítico do Banco do Japão (BoJ) deverá ser o escolhido do primeiro-ministro Shinzo Abe para chefiar o banco central do país. A candidatura de Haruhiko Kuroda, de 68 anos, que foi funcionário de carreira do Ministério de Finanças e atuou como vice-presidente do G-7 entre 1999 e 2003, quando era vice-ministro de Finanças para Relações Internacionais do Japão, será anunciada ainda nesta semana, segundo fontes.

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Presidente do Banco de Desenvolvimento Asiático desde 2004, Kuroda é considerado um forte candidato para sucessão de Masaaki Shirakawa, que deixará a direção do BoJ em 19 de março. Entre outros nomes sugeridos para o cargo, Kuroda é destaque por ter experiência na arena internacional e por já ter lidado com o grupo de autoridades e acadêmicos versados em finanças internacionais.

Kuroda esteve no comando da política de intervenção do Ministério de Finanças japonês entre julho de 1999 e janeiro de 2003, quando o governo ativamente vendeu ienes diante do dólar e do euro. O Japão gastou cerca de 14,3 trilhões de ienes em operações de venda de ienes entre o terceiro trimestre de 1999 e o segundo trimestre de 2002. Com isso, o dólar subiu para 134,71 ienes em 8 de fevereiro de 2002, de 104,45 ienes em 3 de janeiro de 2000.

O provável candidato do governo para o BoJ também é conhecido pelas críticas ao banco central. Quando era vice-ministro de Finanças, Kuroda fez um discurso em 2002 ao Escritório Nacional de Pesquisa Econômica no qual argumentou que se o BoJ não tomasse mais medidas para tentar combater a deflação o Ministério de Finanças encontraria seus próprios instrumentos para fazer isso.

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No período entre o ministério e o Banco de Desenvolvimento Asiático, Kuroda lecionou durante dois anos na Faculdade de Economia da Universidade Hitotsubashi, onde escreveu um livro intitulado “Sucesso e Fracasso na Política Fiscal e Monetária”. No livro Kuroda culpou o BoJ por 25 anos de equívocos iniciados na década de 1980, desde alimentar a bolha de ativos do fim daquela década por ter sido muito acomodatício até apertar muito rapidamente a política monetária no começo dos anos 2000.

A nomeação de Kuroda ainda exige aprovação das duas câmaras do Parlamento japonês. Embora o governo tenha maioria absoluta na Câmara Baixa, ele pode depender do apoio de pelo menos um partido da oposição para obter aprovação na Câmara Alta. As informações são da Dow Jones e da Market News International.

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