Nova York – As críticas mais duras feitas pelo vice-presidente da República José Alencar em relação às taxas de juros não chegaram a causar um impacto mais forte entre os analistas em Wall Street. Segundo o diretor de pesquisa e estratégia do banco UB S Warburg, Michael Gavin, os investidores estrangeiros dão um desconto às declarações de Alencar porque os investidores entendem quais são os elementos básicos da política econômica do governo. “Os investidores internacionais não ficaram preocupados com o discurso do vice-presidente. Esse é um problema mais para a política doméstica no Brasil do que para os mercados”, afirmou Gavin.
Em nota distribuída para clientes, a Merrill Lynch observa que, enquanto as declarações de Alencar e a do líder do governo no Senado, Aloízio Mercadante – que quer realizar reunião técnica no Congresso para discutir a atual política monetária – estão fora de linha da posição do governo, haverá um aumento do barulho político sobre a direção dos juros à medida que se aproxime a reunião do Copom, marcada para os dias 17 e 18 deste mês.
Já Michael Gavin, do UBS Warburg, acredita que o debate público sobre a decisão do Copom aumentará, mas ele vê isso como algo saudável. “Somente porque o Banco Central pode operar com autonomia não significa que não deva haver debate público sobre os rumos da taxa de juros”, disse ele.
Na opinião do economista-chefe para América Latina da Alliance Capital Management, James Barrineau, as críticas feitas ontem pelo vice-presidente José Alencar não causaram maior preocupação no mercado externo. “As pessoas aprenderam rapidamente a dar um desconto no que o vice-presidente diz. Está claro que ele (Alencar) não fala em nome do (presidente) Lula nem pela equipe econômica ou pelo Banco Central. Os investidores acreditam que Alencar não é importante em termos de política econômica”, afirmou Barrineau à Agência Estado. Ele acredita que haverá maior barulho político em relação às taxas de juros, até que o Banco Central finalmente venha decidir por baixar a taxa Selic. “Mas o Banco Central tem sido bastante claro no que está perseguindo e no que irá fazer em termos de inflação”, disse Barrineau. Segundo ele, o mercado espera que haja um corte de juros em junho ou julho. “De qualquer forma, acredito que o governo e o Banco Central vão administrar bem essa pressão política por redução na taxa de juros”, afirmou o analista.