Críticas à exclusão dos emergentes crescem

O desmonte do G8, formado pelos sete países mais ricos do mundo, mais a Rússia, não é uma ambição exclusiva do Brasil. Às vésperas da reunião do grupo, em Áquila, na Itália, autoridades do governo da França se juntaram neste domingo aos críticos que apontam o desprestígio do G8. Em seu lugar, enaltecem a importância crescente do G20 – o fórum do qual participam emergentes como Brasil, China e Índia.

A análise sobre a perda de relevância do G8 foi feita hoje, em Aix-en-Provence, no sul do país, pela ministra da Economia da França, Christine Lagarde – um dos nomes mais importantes do alto escalão do presidente Nicolas Sarkozy. Falando a especialistas reunidos pelo Círculo dos Economistas, a ministra foi taxativa: “O G8 deve imperativamente ser modificado e ampliado para se adaptar à realidade dos tempos”, afirmou. “O G8 é uma instituição muito mais antiga e sem dúvida muito menos pertinente dada a sua composição e a evolução do mundo.”

Para Christine Lagarde, os países emergentes não podem mais ser convidados periféricos do encontro entre os chefes de Estado e de governo dos Estados Unidos, do Canadá, do Japão, da Alemanha, da França, do Reino Unido e da Itália, além da Rússia. “Grandes atores como os emergentes, seja a Índia, a China ou o México, são convidados para se sentar em um banquinho ao lado”, resumiu.

A ministra também demonstrou ter mais expectativas em relação à reunião do G20 prevista para setembro, em Pittsburgh, nos EUA, do que em relação ao encontro na Itália. As críticas de Christine às limitações do G8 antecipam um dos temas que deve dominar a reunião entre os presidentes Nicolas Sarkozy e Luiz Inácio Lula da Silva, depois de amanhã, no Palácio do Eliseu, em Paris. Há cerca de um mês, diferentes autoridades do governo brasileiro, como o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, vem declarando “a morte” do grupo dos ricos. O presidente Lula, um pouco mais comedido, fala em enfraquecimento.

Silêncio

Depois de falar brevemente aos jornalistas em sua chegada a Paris, ontem, Lula se manteve em silêncio durante todo o dia. Amanhã, o presidente vai jantar com o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, e conceder entrevistas a veículos de imprensa internacional, como o jornal francês Le Monde e a rede de TV britânica BBC. Na terça-feira, além do encontro com Sarkozy, Lula receberá o Prêmio Félix Houphoët-Boigny, oferecido pela Organização das Nações Unidas para a Cultural, a Educação e a Ciência (Unesco), por sua ação pela defesa da justiça social e pela democracia.

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