Crítica do mercado ao Brasil é exagerada, diz Bradesco

O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, avalia que a recente crítica do mercado financeiro à economia brasileira tem certa “dose de exagero”. Presente ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, o executivo reconhece que analistas estão mais críticos com alguns pontos da economia, mas diz que é possível “exorcizar” preocupações dos investidores.

“Essa crítica tem uma dose de exagero”, disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, ao comentar que em momentos de estresse o mercado parece reviver temores antigos com relação ao Brasil. “É evidente que o Brasil de algumas décadas atrás era um País em desenvolvimento, demorou para chegar à categoria emergente e isso só foi possível depois da estabilização da moeda. A inflação brasileira nos anos 60 e 70 teve uma trajetória muito longa. Em um momento de alguma dúvida, isso aflora uma experiência passada negativa”, diz o presidente do Bradesco.

Para o presidente do segundo maior banco privado do Brasil, é possível responder aos temores dos investidores. “Eu acho que nós temos condições de exorcizar certos temores que o investidor possa estar tendo atualmente”, disse. Entre os motivos para que Trabuco seja otimista com a economia estão as vantagens do País em relação a outros mercados. “Por mais que o Brasil possa viver algum momento em que se tem um debate um pouco mais pessimista, o contato que fizemos ontem (na terça-feira, 21)com investidores mostra que ninguém quer ficar fora do Brasil”, resume.

“Isso acontece porque o Brasil oferece possibilidades de extensão territorial, população, democracia, aparelho jurídico que tem funcionado. O Brasil acaba tendo vantagens comparativas muito importantes com outros países. Essa vantagem desperta a atração de investidores”, disse. Trabuco disse ainda que o Brasil oferece taxas de retorno extremamente favoráveis para o capital externo, e que a sua expectativa é de que a presidente Dilma Rousseff se posicione como parceira dos investidores na sua apresentação no Fórum Econômico Mundial.

“As empresas americanas têm mais de US$ 1 trilhão ancorados no seu disponível bancário. Uma hora esse capital vai se movimentar, vai se mexer, e o Brasil tem de se gabaritar para ser um bom endereço para estes investimentos”, disse o presidente do Bradesco ao Broadcast.

Para o presidente do Bradesco, “o Brasil precisa reafirmar a confiança num modelo que não seja estatista, que seja de convivência entre o público e o privado”. Ele disse ainda que “as concessões foram o grande sinalizador positivo de 2013, e são primorosas porque desoneram o Estado de investimentos ao mesmo tempo em que aumentam a arrecadação de impostos e ajudam o esforço fiscal”.

Trabuco enfatizou a importância da política fiscal neste momento. “Unicamente a política monetária pode ser insuficiente para trazer a inflação para o centro da meta”, ele afirmou, acrescentando que “o esforço do Banco Central foi determinado e este ciclo de taxas de juros foi forte – de 7,25% para mais de 10% é um choque monetário importante”.

Para o presidente do Bradesco, “as políticas monetária e fiscal têm de caminhar juntas, porque assim o ajuste é menos difícil”. Ele disse estar otimista em relação à política fiscal em 2014, porque “as lições dos anos anteriores foram aprendidas”. Segundo Trabuco, a sinalização de um superávit primário em torno de 2% do PIB seria um bom começo.

Para ele, um crescimento do PIB acima de 2% mantém o nível de emprego, o que, por sua vez, garante que a inadimplência bancária permaneça reduzida. “Com emprego, renda e crédito sem problemas, vamos ter condição de nos reequilibrar”, disse Trabuco, mas chamando a atenção mais uma vez para a necessidade de “um compromisso fiscal mais decisivo, que é o que dá sustentabilidade à solvência do País no longo prazo”.

O presidente notou que as reservas internacionais brasileiras e o montante de depósitos compulsórios “dão condições de solvência inéditas quando se compara com outros países”. Comentando a expectativa em relação à apresentação da presidente Dilma Rousseff em Davos, Trabuco disse que “posicionando-se como parceira dos investidores, ela será muito bem vinda”.

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