?Os números da economia estão muito bons, mas o que está maculando é a incerteza política.? A afirmação é do presidente da FitchRating, Rafael Guedes, para quem a incerteza política trava a melhoria da classificação de risco de crédito do Brasil. Segundo ele, essa incerteza ?é o único fator de questionamento que nós vemos no momento. O problema da crise política é que ninguém sabe qual a conseqüência nem quanto tempo dura. Se não houvesse isso, os números do Brasil estão muito bons, e nós estaríamos analisando puramente pelos números que estão melhorando?, afirmou.
A Fitch, que atribui o rating ?BB-? ao Brasil com perspectiva neutra, é a segunda agência a apontar as turbulências políticas como fator que impede a elevação do rating brasileiro. No início de agosto, a presidente da Standard & Poor?s no Brasil, Regina Nunes, afirmou que a crise política engessa os trabalhos no Congresso, o que impede a agência de melhorar a nota de risco do País.
Mesmo com as turbulências políticas e descartando a implementação de novas reformas como a previdenciária, entre outras, até 2006, Guedes afirmou que não espera que a sucessão presidencial tenha a mesma volatilidade vista na disputa de 2002. Durante o período que antecedeu a eleição de Lula, o risco Brasil chegou a superar 2.400 pontos.
?Até seis meses atrás, nós considerávamos Lula um candidato reeleito e hoje ele possivelmente pode não ser re-eleito. Trabalhamos com dois cenários principais: um em que Lula é reeleito ou outro em que a oposição, representada pelo candidato do PSDB, PFL ou PMDB ganha?, afirmou.
Guedes afirmou que outro cenário que a agência desenha é a reeleição de Lula, mas com características mais populistas. ?É o último mandato dele, vai ser o legado que vai deixar para a história e será que ele vai continuar tão comprometido com a rigidez fiscal ou vai ter uma pressão maior pelos gastos sociais? Esse é um risco?, afirmou.
Outro cenário ainda considerado pela agência é a eleição de um candidato mais populista, como o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho.
Guedes afirmou que a agência trabalha com a hipótese de a oposição vir a pressionar pedindo o impeachment de Lula no próximo ano, o que, segundo ele, traria ainda mais incerteza e cautela aos investidores.
?No ano de 2006, a pressão por parte da oposição, no sentido de que ela vê que há real possibilidade de vir a ganhar, dizer: ?Vamos usar as balas quando estivermos mais perto do alvo?.?