São Paulo – A crise política, como fator que poderá inibir a sanção governamental a um eventual aumento dos combustíveis, ajudará a compor um cenário inflacionário que comporte a redução da Selic em agosto. Essa é a avaliação que fazem alguns analistas do mercado consultados pela Agência Estado.
?Pode quebrar a Petrobras, mas o governo não vai sancionar o aumento dos combustíveis. O presidente Lula tem ido para as portas das fábricas e sabe que o povo não gosta de aumento dos combustíveis?, define uma das fontes, reparando que se quando o cenário era mais tranqüilo o governo não reajustou o preço da gasolina, não será agora que o mesmo será autorizado.
Ainda no tocante à inflação, os economistas entendem que com os índices baixos, com o IPCA caminhando para uma taxa de 0,30% ao mês e os núcleos ao redor de 0,50%, com tendência de baixa, só um avanço inesperado da atividade poderia justificar por mais um mês a manutenção da Selic nos atuais 19,75% ao ano. No entanto, afirmam os analistas, qualquer que seja a decisão do Copom, ela não poderá ser associada a pressões políticas. ?O BC é formado por pessoas sérias e suas decisões até agora não têm sido tomadas por força de pressões políticas?, diz uma das fontes. Os fatores que compõem o cenário inflacionário considerado pelo Copom é que podem estar sujeitos à política.
O Ipea, ressalta uma das fontes, trabalha com uma projeção de 1,8% de crescimento da produção industrial em junho em relação a maio e de 6,6% no confronto com o mesmo mês do ano passado. ?Mas eu não sei se esta é uma verdade diante desta crise política?, diz um analista, para quem poderá haver uma piora das expectativas e algum impacto nos negócios.
O próprio Banco Central trabalha com um crescimento da produção industrial de 1,30%, o mesmo número de maio. Mas apesar dos bons números divulgados sobre as vendas reais, emprego e utilização da capacidade instalada da indústria, diz um dos analistas, o segmento de equipamentos e máquinas agrícolas está abaixo do previsto e a qualquer hora vai bater na capacidade produtiva. Pesquisa feita pela Agência Estado junto a um grupo de 10 instituições financeiras aponta para um crescimento da produção industrial de 0,50% a 1,80%, com mediana de 1,30%.
Corante em álcool combustível
Ribeirão Preto – A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) deve determinar até o fim do ano que as destilarias produtoras de etanol do País coloquem um corante no álcool anidro misturado à gasolina para tentar acabar com uma das mais tradicionais fraudes do setor: o ?álcool molhado?.
A modalidade de falsificação é simples e começa com a compra, por parte de distribuidoras, do álcool anidro, que não paga o Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Em vez de misturá-lo à gasolina, os fraudadores adicionam entre 5% e 7% de água ao anidro e o vendem como álcool hidratado, cuja tributação mínima é de 12% de ICMS.
No processo, o imposto é sonegado e a água misturada tem níveis de acidez e condutividade que prejudicam o motor dos carros. O setor de distribuição estima que a adulteração movimente até 1 bilhão de litros de álcool hidratado, ou cerca de 20% do consumo anual desse combustível no Brasil.
Com a medida, se o álcool hidratado apresentar qualquer tipo de coloração no abastecimento, ficaria comprovada a fraude. A ANP informou, por meio da assessoria, ?que há grande chance de o projeto ser implantado? e que novidades devem ser anunciadas em dez dias, mas ninguém na entidade falou sobre o assunto.
Os detalhes finais da proposta serão discutidos numa reunião, amanhã, na sede da ANP, no Rio.