Foto: Arquivo/O Estado |
Petróleo barato está cada vez mais distante. |
Os contratos futuros de petróleo fecharam ontem acima de US$ 77,00 o barril pela primeira vez no pregão viva-voz da Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), impulsionados pela contínua violência no Oriente Médio, segundo operadores e analistas. Durante as transações eletrônicas do Access da Nymex, os contratos de petróleo para agosto atingiram a marca recorde intraday (registrada durante o pregão, e não no fechamento) de US$ 78,40 o barril.
Apesar dos preços terem recuado antes do fechamento, que os analistas classificaram como uma realização de lucro pré-final de semana, os operadores permanecem cautelosos com relação ao conflito no Oriente Médio. ?Vimos muitas notícias ruins esta semana e eu penso que as probabilidades de recebermos mais notícias negativas ao longo do final de semana são tão grandes como as probabilidades de termos notícias positivas?, disse o presidente da Ritterbusch & Co., Jim Ritterbusch.
A escalada dos preços do petróleo começou quando Israel invadiu o Líbano em resposta à captura de dois soldados israelenses pela grupo guerrilheiro Hezbollah. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse hoje que seu grupo está pronto para uma ?guerra aberta? com Israel. O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, prometeu manter a ofensiva contra o Hezbollah até que seja completamente destruído. A caçada de Israel ao Hezbollah no Líbano e ao Hamas na Faixa de Gaza poderá arrastar o conflito por semanas, ou mais, de acordo com alguns analistas.
Se não houver uma dramática redução da violência durante o final de semana, os analistas esperam que os preços do petróleo ampliem o movimento de alta para território recorde. ?Oitenta dólares o barril é certo?, disse o presidente da Cameron Hanover Peter Beutel. Os preços dos contratos de petróleo para entrega no final deste ano e início de 2007 foram negociados acima de US$ 80,00 o barril pela primeira vez ontem. Com os contratos para entrega para agosto vencendo na próxima semana, os contratos para setembro ?poderão subir para onde os contratos dos meses de inverno estão sendo negociados?, disse Ritterbusch.
Na Nymex, os contratos de petróleo para agosto fecharam a US$ 77,03 o barril, alta de US$ 0,33 (0,43%). A mínima foi de US$ 76,90 e a máxima de US$ 77,95.
Em Londres, no sistema eletrônico da ICE Futures, os contratos de petróleo Brent para agosto fecharam a US$ 77,27 o barril, alta de US$ 0,58 (0,76%). A mínima foi de US$ 76,76 e a máxima de US$ 78,03.
Brasil teve déficit de US$ 2,147 bi neste ano
Brasília (AE) – O Brasil registrou déficit de US$ 2,147 bilhões nos primeiros cinco meses do ano na balança comercial do petróleo, incluindo óleo bruto, derivados e gás natural. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e mostram que, para o País alcançar a auto-suficiência no segmento conforme tem anunciado a Petrobras, a produção interna terá de registrar forte aumento nos próximos meses. No acumulado em cinco meses, as exportações somaram US$ 3,674 bilhões para importações de US$ 5,822 bilhões.
No mês de maio, isoladamente, o déficit comercial do setor somou US$ 712 milhões, o mais elevado do ano. Para um volume total de importações de US$ 1,284 bilhão, o País exportou US$ 571,93 milhões.
O aumento no déficit resultou principalmente da alta das cotações do produto no mercado internacional. Pelos dados da ANP, o Brasil pagou cerca de US$ 71,70 por barril de petróleo em maio, com aumento de 32% em relação ao registrado em maio de 2005.
Além da alta nas cotações do óleo bruto, o País está gastando mais na compra do gás natural boliviano. Em cinco meses, o Brasil já importou o equivalente a US$ 585 milhões do país vizinho, sendo US$ 124,3 milhões apenas no mês de maio, com aumento de 67% em relação ao registrado em maio de 2005.
O incremento resulta basicamente do efeito dos preços, já que o volume importado subiu apenas 8% em maio deste ano sobre maio do ano passado. O governo boliviano anunciou a nacionalização das reservas daquele país no dia 1.º de maio e está pleiteando novos aumentos para o energético.
Além do gás natural, as compras de óleo bruto também pesaram na balança comercial do setor, ainda conforme os dados da ANP. Segundo a agência, em cinco meses as exportações de petróleo bruto somaram US$ 2,088 bilhões para importações de US$ 3,603 bilhões, gerando um déficit de US$ 1,515 bilhões. Esse déficit ficou cerca de US$ 353 milhões abaixo do observado nos cinco primeiros meses de 2005, com queda de 19%.
Apenas no caso dos derivados de petróleo há um virtual equilíbrio no setor, já que o País conta com a produção de álcool, que libera volume expressivo de gasolina para exportação. Nesse caso, há um balanceamento entre as exportações e as importações. Nos cinco primeiros meses do ano, as exportações de derivados somaram US$ 1,585 bilhão ante importações de US$ 1,633 bilhão, gerando déficit de US$ 47,659 milhões. Nos cinco primeiros de 2005, o segmento havia contabilizado déficit de US$ 248 milhões.