A situação do emprego industrial em 2015 é pior que na crise financeira global, avalia o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A queda de 5,2% do emprego na indústria no primeiro semestre, divulgada nesta quarta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é mais severa do que a registrada no auge da crise de 2009. Naquele ano a atividade industrial doméstica encolhia e o emprego do setor recuou 4,8% nos seis primeiros meses do ano, destaca o instituto em análise da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (PIMES).
“O que parece ser hoje tão ruim quanto em 2009 é, em verdade, pior. A retração do emprego industrial em 2015 ocorre após três anos consecutivos de resultados adversos (-1,4% em 2012, -1,1% em 2013 e -3,2% em 2014)”, diz o documento.
Para o Iedi, o quadro atual é mais grave porque naquela época a crise vinha de fora. Apesar do desaquecimento da economia global ainda afetar a indústria nacional, a interpretação do instituto é que o desempenho pífio da economia brasileira em 2015, num cenário de forte ajuste das contas do governo e num ambiente de pessimista – em boa parte em decorrência das incertezas políticas – tem levado a indústria nacional a amargar uma crise que não é observada em sua história recente.
No ano passado, a produção industrial caiu 3,1% e, neste ano, a taxa em doze meses recua 5,0%. A projeção para o número de ocupados na indústria é de retrocesso de mais de 4,5% em 2015. O Iedi chama atenção para o aprofundamento da crise no emprego industrial ao longo do ano, com recuo de 0,7% no primeiro trimestre e de 2,4% no segundo, ao se comparar trimestre com trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal; e taxa negativa de -4,6% e -5,8%, respectivamente, no primeiro e segundo trimestres deste ano se a comparação é feita com iguais trimestres de 2014.
Outro ponto negativo ressaltado pelo instituto é que a crise é geral, isto é, ocorre em todos os ramos da indústria. Além da queda brusca em segmentos como meios de transporte (-9,9%)e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-12,5%), também estão sendo atingidos segmentos tradicionais da economia como vestuário (-5,4%), calçados e couro (-7,5%), metalurgia básica (-6,5%), refino de petróleo e produção de álcool (-6,3%), indústrias extrativas (-4,6%) e produtos têxteis (-2,9%).
Apesar de pouco otimista, o Iedi acredita que no segundo semestre poderá haver algum abrandamento da escalada da crise do emprego industrial. Isso porque os ajustes mais duros teriam sido feitos no primeiro semestre. “O número de horas pagas, que recuara 0,3%, 1,2% e 1,3%, nessa ordem, em março, abril e maio, caiu menos em junho (-0,6%); um possível sinal de que o sangramento no mercado de trabalho da indústria nacional pode estar começando a ser estancado”, aponta.