Quem pretende viajar para o exterior a lazer nas próximas semanas e ainda não comprou o pacote de viagem, uma má notícia: os vôos para fora do País estão todos lotados. Para quem tiver sorte e conseguir algum, ainda assim pagará caro. Em resumo, é este o cenário do turismo nessas férias de julho.
?A situação está bem complicada. Quem deixou para procurar pacote agora está tendo dificuldades. Está tudo lotado?, afirmou o gerente de vendas da Canadian Passagens e Turismo, em Curitiba, Meron Kuczuvei Filho. Segundo ele, a crise da Varig – que vem atuando com número reduzido de aeronaves e, portanto, cobrindo menos rotas aéreas – é um dos fatores para o quadro atual. ?Independentemente de ser a companhia ?x? ou ?y?, ela operava com viagens para o exterior e está fazendo falta?, afirmou.
Para o gerente de vendas, outra situação que tem alavancado o turismo no mercado externo é o surgimento dos ?novos viajantes? – ou seja, maior número de pessoas que viajam para o exterior pela primeira vez. ?Não sei se o poder aquisitivo das pessoas vem aumentando ou se é o efeito da queda do dólar. De qualquer forma tem muita gente nova resolvendo viajar para fora do País?, apontou. Para este segmento, destinos tradicionais como Itália e França são os mais procurados.
De acordo com Kuczuvei Filho, a procura por pacotes de viagens na Canadian nesta época do ano aumentou cerca de 50% em relação ao mesmo período do ano passado. ?O fechamento (das vendas), porém, é outra situação?, salientou, acrescentando que ?há clientes, mas não tem o que oferecer? – referindo-se aos pacotes já esgotados.
Abaixo do esperado
Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens no Paraná (Abav-PR), Antônio Carlos de Campos, o crescimento da venda de pacotes turísticos para o mês de julho está abaixo do esperado. ?Nossa estimativa era de crescimento de 15% a 20%, mas está em torno de 10%?, afirmou. ?Apesar disso, as companhias aéreas com vôos para o exterior estão lotadas.?
Também para Campos, muito do cenário atual se deve à crise da Varig. ?Está havendo falta de opção de companhias aéreas. Não foram repostas aeronaves à medida em que foram retiradas pela Varig?, explicou. ?Hoje há carência de aeronaves para atender determinados pontos.? O resultado, aponta, é que vôos para países da Europa com tarifas mais baixas – cerca de US$ 1 mil (ida e volta) há dois ou três meses – agora não saem por menos de US$ 1,3 mil ou US$ 1,4 mil. ?As tarifas mais baratas deixaram de existir. É um movimento que vem sendo observado de 60 a 90 dias para cá e, para mim, é algo (valores atuais) que veio para ficar.? Ou seja, se por um lado o dólar caiu, por outro, o preço da passagem aumentou, beneficiando pouco o turista brasileiro.
Procura menor
Apesar dos pacotes de viagem para Bariloche estarem todos esgotados este mês na Aerocondor – agência especializada em pacotes para a Argentina -, a procura este ano foi menor do que o mesmo período do ano passado. A constatação é da gerente do Departamento Terrestre da Aerocondor, Caroline Lomba. Segundo ela, o aumento no preço do pacote este ano é o que tem afastado os turistas.
?O pacote de sete noites para Bariloche, que custava cerca de US$ 900 em julho do ano passado, agora sai entre US$ 1,2 mil e US$ 1,3 mil, no mesmo hotel?, informou Caroline. Segundo ela, a lei de mercado foi o que imperou. ?Com a grande procura de turistas brasileiros no ano passado, as tarifas nos hotéis subiram, assim como os salários dos empregados?, comentou. Apesar disso, os pacotes para as estações de esqui de Bariloche estão esgotados há mais de uma semana. ?Está tudo lotado até o próximo dia 5.?
Para quem assim mesmo insiste em viajar para Argentina, na agência ainda restam poucos pacotes para a capital, Buenos Aires. Um pacote com quatro diárias, incluindo passagem aérea, hospedagem, city tour e traslados, custa a partir de US$ 450. Porém, também em Buenos Aires os preços estão mais altos. ?Um show de tango na casa Senhor Tango, custava US$ 35 (incluindo o jantar) há cerca de dois anos. Agora, está US$ 74?, exemplificou.
Viajar fora de temporada ainda é a melhor opção
Para quem pode viajar em outra época do ano – que não seja considerada alta temporada -, a oportunidade não deve ser desperdiçada. ?Quem pode marcar férias em período de baixa temporada consegue adquirir pacotes com preços entre 25% e 30% menores?, afirmou o vice-presidente da Abav-PR, Antônio Carlos de Campos.
O gerente de vendas da Canadian Passagens e Turismo, Meron Kuczuvei Filho, concorda. ?A melhor época para viajar é entre abril e junho e depois entre setembro e novembro. Os pacotes para o exterior ficam até 25% mais baratos e para o mercado interno, 20%?, comentou. ?Além disso, o aeroporto está menos cheio, o overbooking é menor, há menos atrasos de vôo.? Independentemente de baixa ou alta temporada, o gerente de vendas recomenda que uma viagem para a Europa seja acertada com pelo menos três meses de antecedência e para os países da América do Sul – como Chile e Argentina – um mês antes da viagem. ?Assim, há como escolher bons hotéis com preços menores. As passagens também podem sair por menos.?
A gerente do Departamento Terrestre da Aerocondor, Caroline Lomba, confirma a queda nos preços na baixa temporada. Um pacote para Buenos Aires, por exemplo, que custa US$ 450 agora, cai para US$ 359 a partir de agosto; este valor segue até 30 de novembro.
Nordeste
Em relação ao turismo interno, a procura especialmente pelas praias do Nordeste permanece estável, segundo Antônio Campos, da Abav-PR. ?Está havendo muita reclamação. Alguns acreditam que o mês de julho não deveria mais ser considerado de alta temporada no Brasil?, afirmou.
Meron Kuczuvei Filho, da Canadian, concorda. ?O Nordeste tem sido pouco procurado nesta época do ano, pelo menos em Curitiba. As pessoas têm buscado mesmo o frio?, comentou. Além disso, lembrou, os preços dos pacotes também não estão tão atrativos, por conta dos vôos lotados que pressionam o preço da passagem.
