Crise não afetou negociações salariais em 2008, aponta Dieese

Levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que 77,6% das negociações salariais de 2008 asseguraram reajustes superiores ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o terceiro melhor resultado desde o início da série.

Segundo o Dieese, o dado de 2008 representou uma queda no desempenho das negociações na comparação com 2007, mas o resultado foi mais influenciado pelo avanço da inflação no primeiro semestre do que pela crise financeira internacional.

“A crise não afetou as negociações no ano de 2008”, apontou o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira. A queda no desempenho dos entendimentos salariais, observada no primeiro semestre de 2008, foi compensada pelos resultados impulsionados pelo reajuste das categorias com data-base no segundo semestre.

“O que explica esse desempenho é a questão inflacionária”, destacou Silvestre, reconhecendo, entretanto, que, no quarto trimestre, quando a crise se fez sentir mais forte no País, muitas categorias já tinham fechado os acordos salariais.

Ainda assim, a questão inflacionária foi preponderante para o desempenho no ano passado. “Quanto maior a inflação, menor tende a ser o ganho de salário”, explicou Silvestre. Para se ter uma ideia, 88,1% das negociações obtiveram aumentos iguais ou superiores à variação do INPC em 2008, quando o índice registrou alta de 6,46%.

Em 2007, os porcentuais de reajuste iguais ou superiores à inflação foram de 95,9%. Naquele ano, a média do INPC foi de apenas 3,89%. O melhor resultado da série foi verificado em 2006, quando o porcentual de reajuste foi de 96,3% e o INPC, de 3,45%.

O pior resultado da série foi registrado em 2003, quando a parcela de reajuste salarial no mínimo igual à inflação foi de 42,3% e a inflação, de 17,42%. Em 2008, 11,9% das 706 negociações pesquisadas pelo Dieese não conseguiram zerar a inflação na data-base.

Entre as que foram bem-sucedidas, 45% conseguiram porcentuais de elevações de 0,01% a 1% acima da inflação contra 39% em 2007. A parcela seguinte, que conseguiu reajuste de 1,01% a 2% superior à inflação, representou 36,9% das negociações com êxito.

O Dieese chamou a atenção para a concentração das negociações bem-sucedidas que conseguiram ganhos reais entre 0,01% e 2%. Por outro lado, a entidade reconheceu que a alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,1% no ano passado revela que os ganhos reais dos trabalhadores estão aquém do ritmo de expansão da economia.

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