A métrica real para o fim do ano girará em torno do número três. Vagas temporárias, vendas de fim de ano e crescimento da economia brasileira ficarão na base dos 3%. A recém-anunciada revisão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 3,5% é um claro indicador de que toda a exuberância que caracterizou o fim de ano em 2010 não se repetirá em 2011, e até mesmo os agentes que interferem diretamente nos números deste período do ano estão mais tímidos nas estimativas.
Entre os economistas da Associação Comercial do Paraná (ACP) já está claro de que o temor em torno do futuro da economia mundial vai retrair o consumidor na hora das compras. De tal maneira que as vendas de final não passem dos 3% de aumento em relação a 2010, até porque a base de comparação foi elevada. Aliás, alguns analistas acreditam que a chance desse aumento ficar próximo a 0% é grande e vai depender de como o governo direcionará a política econômica até o encerramento de 2011. Redução de taxas de juros, por exemplo, será um sinal claro de que a intenção é incentivar o consumo. “Até agora, o comportamento do Banco Central foi antecipar certos cenários. Diante de uma ameaça de recessão mundial, fatalmente, a medida será incentivar o consumo interno a fim de que o País feche 2011 com um crescimento de pelo menos 3%”, explica o economista do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e professor de Planejamento Estratégico e Mercado Financeiro da Universidade Estácio, Daniel Poit. “Por outro lado, se o governo perceber que atingirá a meta do PIB com facilidade, a tendência é manter a taxa de juros nos patamares atuais, já que do outro lado tem a meta de inflação”, pondera.
Nesse contexto, as tradicionais contratações temporárias de final de ano também estarão fadadas a um percentual semelhante. A estimativa divulgada pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem) para este final de ano previu a geração de 147 mil vagas para todo o território nacional, dentre as quais pouco mais de 9,2 mil serão geradas no Paraná. Naturalmente, cerca 70% dessas oportunidades se darão para o comércio. Por segmento, a pesquisa dá conta que supermercado, vestuário, calçados, eletrodomésticos e perfumaria são os que mais demandam mão de obra adicional nesta época do ano.
Na avaliação de Poit, tais vagas podem não se converter em contratação. “Apesar da redução do desempenho econômico, o ano de 2011 seguiu na toada de índices muito baixos de desemprego. Com isso, creio que haverá pouca contratação devido à fraca disponibilidade de mão de obra”, explica. “Diante desse quadro, as vagas no comércio perdem a força, pois muitos candidatos, dependendo do ganho salarial, rejeitam oportunidades com jornadas nos finais de semana e horários prolongados”, aponta.
Perfil das vagas
De acordo com a Assertem, 65% das vagas temporárias deverão ser preenchidas por profissionais com idades entre 18 e 39 anos. No comércio, as oportunidades estarão concentradas nos cargos de: analista de crédito, atendimento, crediário, embalador, estoquista, etiquetador, fiscal de caixa, fiscal de loja, operador de telemarketing, promotor de vendas, repositor, vendedor e Papai Noel. A remuneração média deve variar entre R$ 690 e R$ 996 mais benefícios. De acordo com a diretora de Comunicação da Asserttem, Jismália de Oliveira Alves, a maioria das vagas exige do candidato o primeiro grau completo, simpatia, facilidade de comunicação e para o trabalho em equipe.
A Rede de Lojas Omar Calçados já anunciou que quer aumentar em até 30% o seu efetivo nas 23 lojas distribuídas entre Curitiba e Região Metropolitana. Destas contratações, entre 30% e 50% terão possibilidade de permanecer no quadro de funcionários da rede. Isso se deve ao processo de abertura de novas lojas na rede. Quem estiver interessado, o contato pode ser feito pelo site da loja (www.omarcalcados.com.br).
Na indústria
Pela estimativa da Assertem, 30% das contratações temporárias neste Natal ocorrerão na indústria, sendo que os setores que mais precisarão de mão de obra extra serão as indústrias de bens de consumo, como: alimentos, bebidas, brinquedos, eletrônicos, vestuário e papel. Na indústria, a maioria das vagas serão para: auxiliar administrativo, auxiliar financeiro, auxiliar de laboratório, auxiliar de serviços gerais, motorista, nutricionista, operador de empilhadeira, operador de máquinas, técnico em manutenção industrial e técnico em segurança do trabalho. A remuneração média deve ficar entre R$ 920 e R$ 1,3 mil.
Para o final de ano, o Grupo Boticário contratou 35 temporários para incrementar a produção na fábrica em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Isso equivale a 5% de incremento do quadro de colaboradores da fábrica e em 10% a capacidade produtiva.