Crise global teve impacto em forma como é pensado o ofício dos BCs, diz Tombini

A crise financeira global teve um grande impacto sobre a forma como é pensado o ofício dos bancos centrais, afirmou nesta quarta-feira, 10, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. A estabilidade macroeconômica, contudo, segue sendo o alvo principal das autoridades monetárias. “Naturalmente, a estabilidade macroeconômica foi e ainda é uma condição necessária para que o sistema opere adequadamente”, disse.

Em discurso de abertura da mesa-redonda “Central Banking – the next 50 years” no Rio, Tombini afirmou que a crise levou ao reexame de alguns pontos antes avaliados como “bem fundamentados”. “Embora o Brasil não estivesse no epicentro da crise financeira global, fomos afetados por ela e pelas políticas colocadas em prática como resposta a seus desdobramentos”, disse.

Segundo Tombini, a crise levou a reformulações, ainda em andamento, em políticas para manutenção da estabilidade financeira, em regimes de política monetária e nos métodos de lidar com fluxos de capital.

Tombini afirmou também que as políticas macroprudenciais são a primeira linha de defesa contra o risco sistêmico no caso das crises financeiras, mas ainda há incerteza sobre sua eficácia. Ele destacou também que não há consenso sobre a eficácia da política monetária para conter esses riscos e defendeu que as políticas macroprudenciais se concentrem na estabilidade financeira e, a monetária, na estabilidade de preços.

“A política macroprudencial é amplamente vista como a primeira linha de defesa contra o risco sistêmico, mas ainda há incerteza sobre sua eficácia”, afirmou Tombini no discurso de abertura da mesa-redonda.

Segundo Tombini, há dois pontos de vista sobre o uso da política monetária para conter bolhas financeiras. “Um deles é que a política monetária tende a ser eficaz porque afeta todos os mercados indiscriminadamente”, disse o presidente do BC. Outro ponto de vista “é que a política monetária é uma ferramenta ineficaz e, potencialmente, até mesmo prejudicial para a estabilidade financeira, uma vez que não possui foco específico e pode produzir efeitos macroeconômicos contraproducentes”.

“A visão que parece estar ganhando força, à qual subscrevo, é a de utilizar a política macroprudencial para manter a estabilidade financeira e permitir que a política monetária se concentre na estabilidade de preços”, defendeu Tombini.

Ainda assim, o presidente do BC destacou que isso depende do desenvolvimento das ferramentas macroprudenciais. Apesar de experiências positivas, no Brasil inclusive, elas não foram suficientemente testadas, disse Tombini.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo