Crise financeira não afetou alta do comércio em 2008

A crise econômica mundial não afetou o crescimento do comércio no Brasil em 2008, embora tenha sido desencadeada no segundo semestre daquele ano. É o que indicam os números da Pesquisa Anual de Comércio (PAC) referente a 2008, divulgada na manhã de hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo Fábio Carvalho, técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do instituto, a trajetória de expansão do crédito e aumento da renda em 2008 impulsionou o crescimento de 14% da receita operacional líquida do comércio naquele ano e foi mantida pelas medidas anticíclicas adotadas pelo governo após a crise.

“Em 2008, a economia vinha com um crescimento muito forte, desde 2006. O efeito da crise só começou a aparecer no último trimestre de 2008 e os números da PAC mostram que o comércio não foi afetado. Ao contrário, os incentivos do governo até impulsionaram o setor”, avaliou Carvalho. Segundo a PAC, a receita operacional líquida do comércio varejista cresceu 15,6% em relação a 2007, somando R$ 576,8 bilhões em 2008. Já o atacado teve alta de 10,2%, registrando R$ 649,6 bilhões. Já o comércio de veículos e peças, isolado por envolver atacado e varejo, somou R$ 229 bilhões em 2008 e registrou a maior alta entre as três categorias: 21,8%.

Supermercados

O setor de hiper e supermercados respondeu, em 2008, pela maior fatia de toda a massa salarial do comércio no Brasil, mas não paga os melhores salários. É o que revelou a PAC. No ano retrasado, o setor foi responsável por R$ 8,3 bilhões em salários, o que representa 10% de toda a remuneração do comércio naquele ano. No entanto, o salário médio no setor foi de R$ 740, perto de dois salários mínimos, em 2008, sem substancial elevação em relação ao ano anterior.

Os melhores salários do comércio são pagos no atacado de combustíveis e lubrificantes, cujo rendimento médio foi de R$ 3.131 em 2008, pouco menos de oito salários mínimos. Para Juliana Paiva Vasconcellos, gerente de análise de resultados da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, a complexidade e a grande variedade dos produtos comercializados do setor requerem pessoal mais qualificado e, por isso, os salários são melhores. “É um setor que demanda conhecimento específico dos empregados”, avalia.

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