A crise internacional deflagrada nos últimos dias torna imprevisível o desempenho do mercado de trabalho em 2008. O gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE, Cimar Azeredo, disse que os efeitos da crise devem ser sentidos, mas é impossível prever quanto e como. "Há problemas no cenário internacional e economia nenhuma é blindada a isso, então pode haver reflexo no mercado de trabalho, mas temos que aguardar a conjuntura", disse.
Carlos Henrique Corseuil, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), disse que a crise, que vem tomando uma dimensão inesperada, torna muito mais incerto o comportamento do mercado de trabalho este ano do que era no início do ano passado. "A confiança dos empresários, a expectativa, é muito importante para a abertura de vagas no mercado de trabalho", observou.
Ele lembra que, enquanto muitos analistas consideram que a economia brasileira prosseguirá em forte crescimento porque a expansão está vinculada ao mercado doméstico, outros avaliam que a crise internacional acabará afetando o nível de atividade em 2008. "Diante dessas incertezas, é preciso analisar com cuidado as perspectivas para este ano", disse.
Claudia Oshiro, da Tendências Consultoria, disse que não é possível antever se a crise afetará, e como, o Brasil. No entanto, ela adiantou que uma desaceleração no ritmo de geração de novas vagas no mercado de trabalho é esperada pela Tendências acompanhando o menor crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
A consultoria espera um aumento no PIB de 5,3% em 2007 – os resultados finais do ano serão divulgados pelo IBGE em março – e de 4,4% em 2008. Ela avalia que, mesmo com um crescimento um pouco menor da economia, as perspectivas para o mercado de trabalho "ainda são boas" e "deve haver melhora, mas não tão significativa como no ano passado".