Os recentes tremores no mercado financeiro trouxeram uma nova preocupação para as empresas e os bancos de investimentos brasileiros. Muitos deles foram pegos no contrapé, quando se preparavam para abrir capital e vender suas ações na Bolsa de Valores. Pelas contas de Alfried Plõger, da Associação Brasileira de Companhias Abertas (Abrasca), o número de estréias na Bolsa (IPOs, sigla em inglês para oferta inicial de ações) não vai mais chegar a 70, como se previa. Do início do ano até agora, foram feitas 49 ofertas.
"Mesmo que se queira, dificilmente se conseguirá vender tantos papéis", diz Plöger. Ou, em outras palavras: "O gato subiu no telhado; nenhum banco aconselharia uma empresa a vender ações agora", diz o advogado Luiz Octavio Lopes, do escritório Mattos Filho. Para Lopes, a festa de dinheiro farto, que incentivou todo tipo de empresa a vender ações, perdeu o gás. "Está claro que é um novo mercado; os investidores provavelmente estarão mais seletivos e mais duros.
Plano B
Ninguém sabe ao certo o quanto mudou o humor do mercado, mas, por via das dúvidas, as empresas estão pensando em planos alternativos. É o caso da rede de supermercados G. Barbosa, do Nordeste. Seu dono, o fundo de investimentos americano Acon, estudava duas alternativas para vender a empresa: uma oferta de ações na Bolsa ou uma negociação com alguma grande rede, como Pão de Açúcar, Wal-Mart ou Carrefour. Agora, a segunda opção ficou mais próxima.
"O IPO desacelerou. O que se questiona é se o momento é adequado para entrar na Bolsa", diz uma fonte ligada às negociações. O medo dos donos do G. Barbosa é não conseguir vender a empresa na Bolsa de Valores pelo que eles acham que ela vale, entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.