Crise econômica não abala prestígio de Lula

Brasília – A avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve-se praticamente estável em seu oitavo mês de mandato, revelou ontem pesquisa do Instituto Sensus encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). A avaliação positiva passou de 46,3 por cento em julho para 48,3 por cento em agosto, enquanto a negativa oscilou de 10,3 por cento para 10,0 por cento. A avaliação regular variou de 38,8 por cento para 38,6 por cento em agosto. Já o índice de aprovação ao governo Lula passou de 43,3% para 48,3% em agosto. A aprovação do desempenho pessoal está em 76,7%.

A margem de erro da pesquisa é de 1 ponto percentual na faixa até 10 por cento e acima de 90 por cento. Na faixa de 10 a 30 por cento e de 70 a 90 por cento, ela é de 2 pontos. De 30 a 70 por cento, a margem é de 3 pontos. O Instituto Sensus entrevistou 2.000 pessoas entre os dias 20 e 22 de agosto em 195 municípios das cinco regiões brasileiras.

A pesquisa avaliou, pela primeira vez, a condução da área política do governo e detectou que 50,7% dos entrevistados consideram que ela está no rumo certo e sendo feita de forma adequada. Para 30% dos consultados, ela está inadequada e não está no rumo certo, enquanto 19,4% não responderam à questão. A pesquisa repetiu ainda a avaliação da equipe de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que vai de ministros a presidentes das estatais e detectou que ficou igual a avaliação positiva (composta pelas qualificações de “ótima” e “boa”), com 47,9%.

A pesquisa mostrou que o apoio à reforma da Previdência em tramitação no Congresso passou de 66% em maio para 68,7% em agosto. Foi registrada, também, uma elevação, de 12,7% para 15,7%, entre aqueles que são contrários à reforma, enquanto caiu de 21,3% para 15,7% o número dos que não responderam a essa questão.

Enquanto o prestígio de Lula continua intacto, o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não é bom, mesmo ele estando longe do poder há alguns meses. FHC continua sendo considerado o principal responsável pela crise do desemprego no País. A gestão de Fernando Henrique foi apontada por 40,3% contra 41,4% em julho. A inflação foi o segundo fator citado como responsável pela falta de emprego, com 20% dos pesquisados ante 19,9% em julho. A administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prossegue em terceiro lugar, mas a citação como responsável cresceu de 6,1% em julho para 9,2% em agosto, registrando o maior crescimento estatístico, segundo os responsáveis pelo levantamento.

A pesquisa também revelou que as invasões promovidas pelo MST não têm apoio dos entrevistados. Pelo menos 73,7% da população é contra as invasões de terra.

Venezuela se associa ao Mercosul

Caracas

– O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou ontem, ao receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio Miraflores, sede do governo venezuelano, a decisão de seu país de assumir a condição de nação associada ao Mercosul, seguindo o exemplo do Peru. Outros dois países que já atuam associados aos do Mercosul são a Bolívia e o Chile. O bloco tem como integrantes plenos Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Brasil e Venezuela anunciaram ainda a reativação do Convênio de Créditos Recíprocos (CCR) para permitir a liberação de uma linha de crédito de US$ 1 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para exportações brasileiras de bens e serviços para a Venezuela. O financiamento havia sido anunciado em abril, durante visita de Chávez ao Brasil, mas sua implementação vinha sendo adiada pela indefinição das garantias a serem dadas pelo governo venezuelano. Com o CCR, mecanismo pelo qual os bancos centrais garantem as operações entre os dois países, o problema deverá ser superado.

Após o encontro no Palácio de Governo, Lula e Chávez participaram de reunião da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Venezuela, no Círculo Militar. Ao discursar no encerramento do encontro, Lula declarou-se convencido de que “a unidade da América do Sul não tem volta”. Essa integração é irreversível, no seu entender, porque os países sul-americanos descobriram que são pobres e que essa pobreza “não sensibiliza os países ricos”.

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