A crise política em Brasília fez o dólar subir ontem 0,75% e fechar cotado a R$ 2,942, maior cotação do mês. Foi a quarta alta consecutiva da moeda americana, que não subia tanto em um único dia desde 29 de janeiro (1,20%). O Ibovespa, principal termômetro da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou em queda de 1,90%, aos 22 mil pontos. O pregão movimentou R$ 3,406 bilhões, o melhor desempenho do ano. O giro foi inflado pelo exercício dos contratos de opções do índice (R$ 866,950 milhões).
O estopim para o mau humor dos investidores foi uma declaração do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Maurício Corrêa, sugerindo o afastamento do ministro José Dirceu (Casa Civil) durante as investigações do caso Waldomiro Diniz.
Após a repercussão negativa, ele disse que foi mal interpretado e que sua resposta foi induzida pela imprensa. Por sua vez, o porta-voz da Presidência, André Singer, descartou a saída de Dirceu.
Apesar dos desmentidos, o mercado seguiu pessimista, o que se traduziu na queda da Bovespa, na alta do risco-Brasil e na desvalorização dos títulos da dívida externa. Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), o contrato de dólar futuro para maio subiu 0,30% e projetou a moeda americana em exatos R$ 3.
“Por causa das denúncias de corrupção, os investidores estrangeiros estão com um pé atrás em relação ao Brasil”, afirmou o analista da corretora Vision, Sérgio Paiva.
A espera pela decisão do Copom sobre juros, prevista para ser anunciada no início da noite, reduziu o volume de negócios, o que favorece oscilações bruscas nos preços.
A crise política eclodiu na sexta passada com a divulgação pela revista Época do conteúdo de uma vídeo em que um dos homens de confiança de Dirceu aparecia negociando com um bicheiro propina e contribuição para campanhas eleitorais. Os investidores temem que a CPI paralise o Congresso atrasando a votação de leis de interesse do mercado.