José Arnaldo Laguna, presidente do Conarem. |
Empresas especializadas em retífica de motores estão ganhando com a crise no setor automotivo brasileiro. De janeiro a agosto, as vendas de automóveis caíram 13,5%, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). “Enquanto continuar a crise da indústria automobilística, o segmento de retífica será beneficiado”, diz José Arnaldo Laguna, presidente do Conarem (Conselho Nacional de Retífica de Motores), que projeta para esse ano crescimento de 3% sobre o faturamento de R$ 1,08 bilhão alcançado pelo setor em 2001.
“Na época de vagas gordas, o empresário troca a frota. Na época de vagas magras, faz a recuperação do motor com a mesma qualidade e desembolso financeiro de um terço do valor do novo”, assinala a presidente da Aremopar (Associação das Retíficas de Motores do Paraná), Eliane Scartezini Meirelles. Ela e Laguna participam em Curitiba da Automotor – Feira Brasileira de Motores e Tecnologia para Retíficas e Reparação Automotiva. O evento começou ontem, no Cietep, e termina no sábado. Paralelamente, acontece um seminário técnico sobre as novas tecnologias. “Somos importantes não pelo faturamento, mas pela responsabilidade na manutenção da frota circulante. Sem o nosso setor, o País pára”, destaca Laguna. As 3 mil empresas retificadoras do País atendem 85% da frota circulante do País – de 25 milhões de veículos – em retífica e 100% do serviço de usinagem (recuperação de peças). Os 60 mil empregos diretos do segmento realizam anualmente entre 1,5 milhão e 2 milhões de atendimentos. Um motor da linha leve dura até dez anos (300 mil quilômetros), enquanto a vida útil de um motor da linha diesel varia de 200 mil a um milhão de quilômetros conforme o uso (urbano, rodoviário, agrícola).
Qualidade
Há três anos o Conarem criou uma rede nacional de retíficas, hoje formada por 86 empresas, com o objetivo de dar cobertura pós-venda a serviços executadas pelos participantes do programa. “O caminhoneiro que fez o motor no Paraná mas está com um problema em São Paulo terá assistência gratuita da rede naquele estado”, explica Laguna. Esse mesmo grupo de oficinas credenciadas está finalizando a criação de uma rede de negócios, prevista para entrar em funcionamento em seis meses, que visa a aquisição conjunta de lotes de peças e insumos. “Isso vai se refletir em redução de 15% no preço final do motor, com qualidade e garantia nacional”, frisa.
Durante a feira, a Associação de Retíficas de Motores do Paraná (Aremopar) está lançando uma campanha publicitária para divulgação do nome das empresas associadas que prestam serviços com qualidade, garantia e segurança no Estado. “O consumidor não sabe identificar retífica de retífica. Algumas fazem motores por R$ 1.500, comprando de desmanches, cuja procedência é duvidosa, enquanto outras fazem por R$ 3 mil, com peças originais”, exemplifica a presidente da Aremopar, Elaine Scartezini Meirelles.
No Paraná existem cerca de 120 retificadoras, porém somente 35 associadas à Aremopar – que poderão ser identificadas pelo consumidor através de um selo. Pelo site www.aremopar.com.br, os donos de carros podem conferir a listagem dos filiados e as retíficas interessadas podem se associar.
Novidades
Entre os produtos expostos na Automotor, chips para conversão de motores álcool para gasolina, da Prado Powerchips, de Cascavel, custando entre R$ 250 e R$ 1 mil. “Em dois anos, tivemos 1.500 carros convertidos em todo o Brasil e mais de 50 mil clientes trabalhando com o nosso sistema de remapeamento de injeção eletrônica”, comemora Paulo Sérgio Prado, proprietário da distribuidora. “Como a injeção eletrônica chegou em 88 no Brasil, o mercado é muito novo e grande. A tendência é um crescimento estrondoso”, aposta o vendedor João Maurício Elbl.