A crise econômica eliminou a expressão “aumento real” da maioria dos acordos salariais fechados entre empresas e trabalhadores do setor metalúrgico de Curitiba e região metropolitana. E a participação nos lucros e resultados (PLR) paga aos metalúrgicos da região, que anos atrás ganhou fama nacional, já não é tão “gorda”. Em alguns casos, a principal conquista deles tem sido a garantia de manutenção de postos de trabalho, ou pelo menos de parte deles.

continua após a publicidade

Em 2013, por exemplo, os funcionários da montadora de ônibus e caminhões Volvo, de Curitiba, conseguiram até R$ 30 mil de PLR, valor até então inédito no país. Na teoria, esse número pode ser repetido neste ano. Na prática, é quase impossível: a produção anual da fábrica teria de chegar aos 22 mil veículos, algo visto como fora de questão.

Caso a Volvo repita o volume de 10,7 mil veículos produzidos em 2015, meta bem mais provável, a PLR será de R$ 12.324. E, desse valor, ainda serão descontados R$ 5 mil de cada trabalhador, como parte de um acordo para garantir a manutenção, até o fim do ano, de 409 postos de trabalho que a empresa pretendia fechar – hoje ela emprega 3,2 mil pessoas, das quais 1,8 mil no chão de fábrica. A primeira parcela do PLR da Volvo, de R$ 5 mil, foi depositada dias atrás.

Outras negociações fechadas nos últimos 30 dias resultaram no repasse de no máximo R$ 10 mil aos trabalhadores, segundo os comunicados do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba.

continua após a publicidade

Esse é o valor que a fabricante de equipamentos para exploração de petróleo Aker Solutions, de São José dos Pinhais, vai pagar em 2016 e 2017 em caso de cumprimento das metas – a primeira parcela deste ano, paga agora em junho, é de R$ 4 mil.

No acordo, que resultou em reposição da inflação aos salários em janeiro de 2017 e 2018, a multinacional norueguesa também se comprometeu a manter pelo menos 90% dos atuais postos de trabalho até abril do ano que vem. Cerca de 800 pessoas trabalham na fábrica.

continua após a publicidade

Na Sulzer, instalada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), os 120 trabalhadores também terão PLR de até R$ 10 mil, com mínimo garantido de R$ 4.230. A empresa, de origem suíça, produz bombas submersíveis.

Também na CIC, a Trox – que produz difusores de ar, grelhas de ventilação, atenuadores de ruído e unidades de tratamento de ar – se comprometeu a pagar PLR de até R$ 7 mil, com mínimo de R$ 3,5 mil, a seus 280 funcionários.

A fabricante de autopeças AAM do Brasil, de Araucária, garantiu uma participação nos lucros de pelo menos R$ 4,2 mil, podendo chegar a R$ 6,4 mil, e estabilidade do nível de emprego até março do ano que vem. A companhia emprega 600 pessoas.

Brafer, que produz estruturas metálicas em Araucária, se comprometeu a manter os 500 empregos de sua fábrica até 31 de dezembro, e pagará R$ 5 mil de PLR. ATrützschler, que tem 200 funcionários em Curitiba, pagará o equivalente a até 1,5 salário em caso de cumprimento de 100% das metas. O valor mínimo será de R$ 1.125 por semestre.