Londres – O relatório sobre o desenvolvimento internacional do Banco Mundial (Bird) – que neste ano tem como tema o “clima para investimentos” – mostra que 52,2% das empresas no Brasil apontam a criminalidade como um sério obstáculo ao investimento no País. Segundo o estudo do Bird, o crime custa mais de 10% do PIB do País por ano, e as empresas dizem perder o equivalente a 2,8% por causa do crime.
A lista de obstáculo aos crescimento dos negócios, na visão das empresas, é liderada por impostos (84,5%), incertezas com políticas públicas (75,9%), dificuldade de acesso a créditos (72,1%), corrupção (67,2%) e leis trabalhistas (56,9%). Foram consultadas 1.642 empresas brasileiras. A pesquisa só teve amostras maiores na China (quase 4 mil empresas) e na Índia (1,8 mil).
Na média dos países pesquisados na América Latiina, mais de metada das empresas identificam a criminalidade como um grande fator de limitação do crescimento. “Dados compilados no ano 2000 mostram efeitos devastadores do crime na economia de alguns países latino-americanos. Em El Salvador, quase um quarto do PIB foi perdido devido ao crime e só no Peru estas perdas ficaram inferiores a 10%”, informa o Banco Mundial.
“Quando o governo não tem força suficiente para fazer respeitar os direitos à propriedade, empresas privadas vendendo ?serviços de proteção? preenchem esta função. Algumas trabalham em cooperação próxima com as autoridades, mas nem todas são assim tão respeitadoras das leis”, informa o relatório. Os países com maior proporção de empresas apontando o crime como grande fator de limitação do desenvolvimennto foram a Guatemala (80,4%) e o Quênia (69,8%).
Com relação aos demais obstáculos apontados pelos empresários brasileiros, o economista sênior do Banco Mundial Paulo Correa, especialista em desenvolvimento do setor privado na América Latina e Caribe, diz que a situação macroeconômica é positiva, mas que o governo tem de investir também em reformas microeconômicas, envolvendo a legislação trabalhista e comercial. “O governo brasileiro vem dando sinais positivos neste sentido, com a redução de impostos em alguns equipamentos”.