Os produtores de coelho estão apostando na conquista de novos mercados para alavancar a atividade no Paraná. Considerado o maior produtor brasileiro de coelhos, o Estado ainda não conseguiu introduzir em sua cultura o consumo da carne do pequeno animal. ?O consumo no Paraná é mínimo. Quase 90% do que é produzido aqui vai para o Estado de São Paulo?, revelou o presidente da Cooperativa dos Produtores de Coelho do Estado do Paraná, Dirceu Alves do Carmo. ?Há pouco conhecimento sobre o preparo de sua carne, o sabor, os benefícios. Até agora, não houve qualquer trabalho em cima disso.?
Na tentativa de reverter essa situação, a cooperativa vai começar a promover, a partir do mês que vem, cursos de culinária e degustação, em clubes, escolas, restaurantes e estabelecimentos comerciais. O objetivo é fomentar o consumo do produto. ?Deveremos reunir tanto donas de casa quanto mestres de cozinha e vamos tentar passar a melhor maneira de preparar a carne de coelho?, afirmou o presidente da cooperativa.
Para ele, falta divulgação do produto e por isso ele acaba não sendo consumido. ?É uma carne de muita qualidade, produzida de forma natural. O animal é alimentado à base de produtos naturais e, entre as carnes brancas, é a mais nutritiva?, garantiu. Segundo ele, a idéia de que se trata de um produto caro também afasta os possíveis consumidores. ?O quilo chega hoje a R$ 13,00, R$ 14,00. Não é um concorrente direto do frango, por exemplo, mas de carnes nobres, como picanha, alcatra?, esclareceu, acrescentando que se trata de uma carne exótica.
Dificuldades
A Cooperativa dos Produtores de Coelho do Estado do Paraná, dona da marca Coelho Brasil, foi fundada em outubro do ano passado. Antes, já funcionava como associação. De acordo com Dirceu do Carmo, o setor viveu uma fase áurea há cerca de três anos. De lá para cá, no entanto, perdeu espaço e clientes importantes. ?O grande problema foi que o abatedouro que comprava da gente (de Santa Catarina) não fez um trabalho de manutenção de clientes. A rede Carrefour, por exemplo, comprava 1,3 mil quilos por semana e hoje, apenas 400 quilos?, afirmou.
Com a fundação da cooperativa, hoje é ela quem realiza todo o processo produtivo, da criação à comercialização. ?Hoje estamos investindo muito na parte comercial?, apontou.
Atualmente, a cooperativa conta com 22 cooperados, mas apenas 14 na ativa. ?Alguns estão com a instalação parada, com dificuldades para comercializar?, afirmou. Em todo o Paraná, acredita, há cerca de cem criadores de coelho. A cooperativa, segundo ele, produz entre 800 e 1,2 mil quilos por semana, mas comercializa apenas entre 600 e 800 quilos. O restante fica estocado por conta da falta de demanda. Há cerca de três anos, lembrou ele, a produção era bem maior: cerca de 2,5 mil quilos por semana.
Além de tentar incentivar o consumo da carne de coelho no País, a cooperativa pretende ainda comercializar o produto no mercado externo. Para tanto, entrou com processo para colocar o abatedouro nas normas internacionais e agora aguarda resposta do Ministério da Agricultura. ?O consumo per capita da carne de coelho no Brasil é de 800 gramas a um quilo por ano, enquanto na Europa chega a 16 a 17 quilos?, apontou. ?O Brasil não exporta coelhos. Não há sequer abatedouro habilitado, nem legislação própria?, disse. Além da carne, o coelho oferece subprodutos como a pele, vendida para curtumes, sangue e cérebro – comercializados pelo abatedouro para fins medicinais.
Para quem pretende iniciar no ramo, Dirceu do Carmo aconselha que o interessado inicie com o menor número possível de animais – o ideal seria um macho e dez fêmeas. Segundo ele, dentro da cooperativa há um produtor especializado em comercializar matrizes, que trouxe inclusive genes genéticos de outros países. O retorno financeiro, segundo ele, acontece entre um ano e um ano e meio.
Serviço – Maiores informações sobre a cooperativa e a Coelho Brasil através do telefone (41) 3324-7382