O segmento de farmácias de manipulação apresentou crescimento de 5% no ano passado, segundo Vânia Regina de Sá, presidente da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag). A expectativa é que ainda neste ano a atividade econômica engate uma recuperação e, em sua esteira, o setor farmacêutico ganhe confiança para investir mais. Vânia afirma que o impulso no setor está levando à maior oferta de vagas de emprego não apenas para o farmacêutico, que é o profissional responsável pelo setor de manipulação, mas também para os técnicos de nível médio que atuam nas áreas de apoio, como auxiliar no processo de manipulação, no controle de qualidade do produto e na área de atendimento ao cliente.
Vânia acrescenta que, como não existe curso médio específico para a formação de manipuladores, para preencher os cargos de apoio ao farmacêutico responsável o mercado continua absorvendo os profissionais de nível médio formados em áreas tecnológicas específicas como farmácia, química e biologia. Quem ingressa nesse mercado de trabalho também tem possibilidade de crescimento profissional, porque é do interesse das empresas oferecer cursos de especialização para seus funcionários.
Otimista também é a análise da gerente de treinamento da Dow Right Consultoria em Recursos Humanos, Gisela Kelly Ferreira. “Esse é um mercado promissor, que, por falta de pessoal de nível técnico especializado, está empregando profissionais de outras áreas.” Gisela acrescenta que o setor farmacêutico, como um todo, vem apresentando crescimento. Isso porque muitas farmácias ficam abertas 24 horas por dia e a legislação determina que a unidade deve manter permanentemente um farmacêutico de plantão. Nos cálculos de Gisela, supondo-se que um farmacêutico tenha jornada de trabalho de seis horas, será necessário contratar pelo menos quatro desses profissionais por unidade, além do pessoal da área de atendimento.
Pela análise da presidente da Anfarmag, o segmento de farmácia de manipulação vem crescendo desde 2000, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio de uma resolução, regulamentou as normas de trabalho para o setor, o que deu maior credibilidade aos remédios manipulados. A partir da regulamentação, com normas mais rígidas, os médicos passaram a indicar em maior escala a seus pacientes os remédios manipulados em farmácias. O consumidor também vem mostrando mais confiança e interesse em cuidar da saúde com o uso de produtos personalizados, preparados artesanalmente, com a dosagem adequada para seu caso específico.
Marco Fiaschetti, diretor de Marketing do Instituto Racine Ltda., empresa de consultoria e treinamento de profissionais da área de saúde, também avalia que os profissionais de nível técnico formados em química e biologia estão encontrando um mercado favorável nas farmácias de manipulação. Na Racine, os cursos de aperfeiçoamento são basicamente voltados para os profissionais de nível superior. Mas o instituto também ministra curso técnico de manipulação para grupos de funcionários de nível técnico encaminhados por empresas farmacêuticas. Segundo Fiaschetti, os profissionais de nível médio que têm alguma qualificação conseguem ingressar no mercado recebendo remuneração média ao redor de R$ 700 a R$ 800.
Com a expansão do setor e a disposição das empresas de investir no crescimento do profissional, diz Fiaschetti, a Racine iniciou, no começo do ano, um curso de pós-graduação em manipulação magistral alopática e está com as inscrições abertas para a segunda turma. Outro curso de pós-graduação da Racine é o de atenção farmacêutica, que tem a finalidade de qualificar o farmacêutico para acompanhar de perto o tratamento do paciente e a prestar serviço de orientação.