Crescimento do PIB será menor que 1% este ano

Rio – Foi um ato falho. Entretido com a palestra que ministrava no Rio para 150 banqueiros e profissionais do mercado financeiro convidados do grupo Euromoney, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, deixou escapar o que será a terceira revisão do governo para o Produto Interno Bruto (PIB), a ser divulgada ainda esta semana. “Tem um número de 0,6% que estamos trabalhando”, mencionou, na apresentação. Na terça-feira passada, o Ministério do Planejamento havia anunciado a segunda revisão do PIB, de 1,8% para 0,98%. No início do ano, o indicador era de 2,25%.

Mais reservado na entrevista coletiva que concedeu depois do evento, Meirelles não repetiu a projeção e tentou consertar. “Esta é uma das possibilidades em análise”, desconversou. Mas, a inconfidência já estava feita. Apesar de o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, já haver anunciado sua revisão do PIB de 2003 para apenas 0,5%, nenhum representante do governo havia ainda admitido taxa de crescimento neste nível, que representa a estaganação econômica este ano.

Para Meirelles, o mais importante é que o país vai fechar 2003 no azul.

Justificativas

Segundo Meirelles, os números atuais da economia brasileira não são tão ruins levando em consideração que outras economias que passaram por crise semelhante à ocorrida no final do ano passado no país tiveram quedas de PIB (Produto Interno Bruto).

“O Brasil está conseguindo passar por essa crise chegando ao azul. O Banco Central prevê um crescimento de 1,5% em 2003. Outros institutos prevêem ao menos 0,6%”, afirmou. “Será um dado ainda no azul e isso é de maior importância para o Brasil”, afirmou o presidente do BC.

O discurso do presidente do BC está muito mais alinhado com o do ministro do Planejamento, Guido Mantega, que com as promessas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto Lula prometeu o “espetáculo do crescimento” no segundo semestre, Mantega admitiu que o crescimento deste ano “não será uma Brastemp”.

“Stop and go”

Para o presidente do BC, o crescimento que vai ser alcançado no país este ano reflete o avanço dos principais indicadores econômicos e a saída do “stop and go” – períodos de crescimento rápido combinados com estagnação econômica.

Meirelles citou que a inflação está controlada e a balança comercial também apresenta constante crescimento. Outro indicador positivo é a volatilidade do câmbio, que vem diminuindo, assim como o percentual dolarizado da dívida.

Em 12 meses, o mercado espera uma inflação de 6,5% em linha com a trajetória de metas para o ano que vem, que é de 5,5%, disse o presidente do BC.

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