O resultado da produção industrial em novembro, de crescimento de 0,6% ante outubro e também ante novembro de 2004, conforme o IBGE, frustrou economistas e empresários. Para o economista-chefe do Pátria Banco de Negócios Luís Fernando Lopes, isso poderá reforçar a idéia de que o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005 será ainda mais baixo que o esperado pelo mercado financeiro.
"Salvo uma recuperação ou revisão de dados, começo a achar que o crescimento poderá nem chegar a 2%", analisou, ressalvando que ainda é preciso levar em conta os resultados de outros setores para se chegar a uma conclusão. Lopes projetava aumento de 1% ante outubro e de 2,3% ante novembro de 2004. "Pelo andar da carruagem, devemos fechar 2005 com crescimento industrial de 1% a 1,2% ante 2004", arriscou.
O economista-chefe da Hedging-Griffo Asset Management, Elson Yassuda, considera provável a redução da expectativa de expansão de 2,5% da economia do País em 2005. "Ainda precisamos detalhar este dado de hoje porque os números do IBGE têm mostrado muita volatilidade, mas devemos fazer a revisão", disse.
Apesar de fraca, a produção industrial de novembro mostrou ligeira recuperação, já que em outubro houve alta de 0 1% na margem e, em setembro, queda de 2,2%. O diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Júlio Sérgio Gomes de Almeida, explica que a indústria brasileira viveu no último trimestre um movimento atípico: as encomendas do varejo para o Natal foram adiadas por conta da insegurança do comércio sobre as vendas – dado não medido pelas estatísticas e projeções – e pelo aumento das importações.
Assim as encomendas tradicionalmente feitas em outubro só ocorreram em novembro. Esse quadro explica o número um pouco melhor de novembro ante outubro e o fraco desempenho de outubro ante setembro. Apesar disso, o dado de novembro está longe de significar qualquer "recuperação a caminho", ressaltou Gomes de Almeida.
O IBGE confirmou o que foi previsto pelos empresários: embora seja o motor do crescimento, a indústria continua a perder dinamismo, segundo o diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacof.
No início de 2005, a projeção para o aumento da produção industrial ficava em 4,5% ante 2004, para um PIB de 3,2%, mas os dados do segundo semestre, mais fracos do que projetavam os modelos econométricos, derrubaram a estimativa para 3%, no máximo, o que significa um PIB inferior à atividade industrial.
Para dezembro, a expectativa também é fraca, já que não se trata de um mês tradicionalmente significativo para a produção. Nesse mês, a indústria esta mais preocupada em avaliar estoques.
