Crescimento da produção de frango preocupa setor

A produção de frango de corte no Paraná, no ano de 2002, acumula a alta de 9,1% em comparação ao ano passado. Neste período, foram abatidas 300,55 milhões de cabeças, contra 275,37 milhões registradas entre janeiro e maio de 2001. Este aumento no volume de abate fez a média mensal de aves comercializadas subir de 55,06 para 60,11 milhões de cabeças.

O aumento de produção, aparentemente uma boa notícia para setor agroindustrial, vem sendo recebido com cautela pela Associação dos Abatedouros e Produtores Avícolas do Paraná (Avipar). O presidente da entidade, Paulo Muniz, avalia que a conjuntura formada por aumento de produção, queda no consumo interno, instabilidade no consumo internacional e alta nos preços do milho (principal insumo da atividade) está fazendo as agroindústrias trabalharem com prejuízo.

Muniz explica que a avicultura, que vinha ampliando a sua produção constantemente, está sofrendo os impactos da maior oferta de frango de corte que a demanda do mercado. Segundo o presidente da Avipar, isso está sendo causado em um primeiro momento pela queda do consumo interno decorrente do recuo dos níveis de emprego e renda do Brasil. Além disso, a instabilidade das exportações de carne de frango motivada pela intenção da União Européia (EU) em sobretaxar o produto brasileiro, começa direcionar para o mercado nacional cargas que seriam exportadas, pressionando para baixo os preços praticados no mercado interno. Entretanto, Muniz avalia que o maior problema que as empresas estão enfrentando é a alta do preço do milho, principal insumo da avicultura, hoje comercializado a R$ 14,60 a saca de 60 quilos, contra R$ 8,96 de junho do ano passado, alta de 71%. Enquanto isso, o preço do frango resfriado no atacado recuou de R$ 1,46 para R$ 1,40 , uma queda de 4,10%.

Muniz avalia que os primeiros reflexos deste descompasso entre custo de produção e preço de mercado foram sentidos no mês de maio, quando as agroindústrias reduziram a produção em 3,69%, passando a abater 60,08 milhões de cabeças, contra 63,14 milhões verificadas em maio deste ano. No entendimento do presidente da Avipar, a retração da produção deve continuar nos próximos meses, apesar de representar perda de rentabilidade e escala pelas indústrias. “Entretanto, essa ação dolorosa é a solução necessária para não inviabilizarmos um setor que emprega 40 mil postos de trabalho diretos e é responsável por outros 550 mil empregos indiretos”, afirma.

Política agrícola

O presidente da Avipar destacou que a chegada deste momento difícil ao setor avícola tem como causa principal a falta de uma política específica para o agronegócio brasileiro. Para Muniz, caso o setor contasse com o apoio governamental em forma de planejamento estratégico e linhas de crédito específicas para dar maior valor agregado à produção avícola, este cenário não teria se estruturado. “Se hoje estamos produzindo frango in natura em excesso é porque o setor não contou com o apoio para investir em projetos para transformar a produção em produtos industrializados, que além de garantir os empregos na agroindústria, permitiria a abertura de novas vagas e a geração de emprego e renda nas pequenas cidades do interior”, afirma.

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