A sazonalidade do emprego temporário, que surgia no Natal e na Páscoa, seguindo a necessidade do varejo, começou a mudar. Com o crescimento de diversos setores da economia, como a construção civil, essa modalidade de contratação de mão-de-obra vem crescendo também.
Uma pesquisa realizada pela agência Gelre, que atua no recrutamento de trabalhadores com contrato por tempo determinado em todo o País, registrou um aumento de 16% na demanda por emprego temporário, comprado com igual período do ano passado.
A região Sudeste do Brasil foi a que mais empregou. Isso se explica pela grande concentração de pessoas mais de 75 milhões de habitantes – e empresas na região.
No entato, uma das grandes demandas foi registrada na região metropolitana de Recife, Pernambuco, devido a necessidade de mão-de-obra no porto de Suape. No Nordeste, as férias escolares e as tradicionais festas juninas foram fatores responsáveis pelo crescimento do emprego.
No Sul do Brasil a procura por trabalhadores foi grande nas regiões produtoras de vinho e em cidades turísticas que exploram a temporada de inverno, como Gramado e Canela, no Rio Grande do Sul; e Blumenau, em Santa Catarina.
No Paraná, de acordo com a consultora trabalhista do Centro de Orientação Fiscal (Cenofisco) – empresa especializada na divulgação de informações tributárias -, Andréia Antonacci o crescimento dos biocombustíveis também impulsionou o setor no Estado.
“Os investimentos em biocombustíveis demandaram um bom volume de mão-de-obra, assim como a construção civil, que empregou em todo o Brasil”, comentou. Segundo levantamento da Gelre, até o ano passado o varejo era responsável por 50% da contratação de temporários no País, enquanto a construção civil e o setor de promoções respondiam por cerca de 20% cada, e as áreas administrativas por outros 10%.
Porém, neste ano, entre janeiro e julho, a construção foi responsável por 40% das contratações temporárias, enquanto varejo, promoções e administrativo concentraram 20% das vagas cada um.
Na região de Curitiba, segundo a diretora da Operativa Gestão de Pessoas Anna Elisa Haj Mussi houve um aumento na contratação de temporários nos setores automotivo e madeireiro.
Segundo ela, a construção civil também está bastante aquecida, mas ao contrário do restante do País, a procura por esse tipo de mão-de-obra tem sido para preencher vagas efetivas e não temporárias.
Início como temporário abre portas para a efetivação
A contratação para um trabalho temporário muitas vezes é a chance de o trabalhador conseguir um emprego temporário. Sondagem realizada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio/SP) no final de 2007, mostrou que 43% dos comerciantes contrataram funcionários temporários no final ao ano, sendo que 83% dos empresários tinham a pretensão de efetivar os temporários.
Apesar desse número ser bastante otimista, os especialistas apostam que, em todos os setores indústria, comércio e serviços a efetivação de temporários gira em torno de 10%.
O coordenador de recursos humanos da Methal Company Industrial Ltda, Fábio Aureliano admite que isso é um prática comum na empresa, pois os trabalhadores acabam adquirindo experiência, o que facilita muito para a própria empresa.
Além de suprir um crescimento imediato de produção, os temporários são contratados para cobrir período de férias ou licença dos efetivos. “Em alguns períodos, a efetivação do temporário ocorre com 90% dos casos”, falou.
O líder de logística de uma empresa de alimentos da Cidade Industrial de Curitiba, João Geraldo Bicalho também trabalha com temporários, que são contratados na totalidade por empresa especializada em recursos humanos.
“Quando a vaga surge temos necessidade urgente de preenchimento, e dessa forma a grande maioria dos candidatos se encaixa na vaga”, disse. Ele não soube precisar a porcentagem dos que são efetivados, mas confirma que isso ocorre com freqüência. “É mais fácil porque já adquiriu experiência durante o trabalho temporário, e se ele destacar, será efetivado”, finalizou.
