Aumentou para cerca de 900 o total de manifestantes que bloqueiam a estrada que dá acesso ao canteiro de obras da hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), ato que paralisou a construção da hidrelétrica. De ontem para hoje, mais ônibus chegaram ao local trazendo mais pessoas, que se juntaram aos 350 manifestantes que já protestavam contra as multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pelo desmatamento na Floresta Nacional de Bom Futuro (RO). Apesar disso, a expectativa da Energia Sustentável do Brasil, empresa concessionária de Jirau, é de que a questão seja resolvida ainda hoje, permitindo a retomada das obras.
Ontem, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o governador de Rondônia, Ivo Cassol, estiveram reunidos na Casa Civil para negociar a questão. No encontro, Cassol teria solicitado ao ministro a suspensão das multas aplicadas pelo Ibama aos moradores da reserva, que superam R$ 34 milhões. De acordo com a área de comunicação do ministério, não houve mudança nas diretrizes do Ibama, que segue fiscalizando o desmatamento na região.
Até ontem, informações do Ministério do Meio Ambiente eram de que o Ibama aplicou 98 autos de infração contra o desmatamento na reserva, além de notificar 380 produtores de gado a deixar o local em 180 dias. Além disso, o Ibama, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Rondônia negociam a aplicação dos termos do acordo firmado em junho, no qual o governo de Rondônia assumiu a Floresta Nacional de Bom Futuro, enquanto o ministério incorporou as unidades de conservação estadual como troca.
A Floresta Nacional de Bom Futuro começou a ser ocupada desordenadamente desde 1995. Hoje, aproximadamente 28% da floresta já foram desmatados com uma ocupação de 3,5 mil habitantes e 35 mil cabeças ilegais de gado, segundo o ministério. Ontem, o consórcio Energia Sustentável do Brasil entrou com um pedido de reintegração de posse, mas até o momento não houve decisão da Justiça sobre esta ação. Cerca de 800 trabalhadores permanecem no canteiro de obras da hidrelétrica.
