É cada vez maior o interesse de grupos empresariais em busca do apoio da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento para a instalação de usinas de biodiesel no Paraná. Na última terça-feira (3), o secretário Valter Bianchini recebeu representantes do grupo Taji, da região Norte do Estado, e da Companhia Brasileira de Energias Alternativas e Renováveis, que quer implantar uma usina de biodiesel na região central do Paraná.
O empresário Clayton Yasuhiro Taji esteve na Secretaria da Agricultura acompanhado do deputado estadual Nereu Moura e do prefeito de Abatiá, Irton Oliveira Muzel. Ele quer adaptar a usina de algodão que mantém em Abatiá em usina de biodiesel. Segundo Taji, a produção de algodão caiu no Paraná, sendo que as áreas ocupadas com essa lavoura estão sendo substituídas pelas de cana-de-açúcar.
Diante disso, o empresário está buscando alternativas de produção para a sua indústria e para os cerca de 600 agricultores familiares cadastrados por ele, que forneciam algodão para as usinas algodoeiras que o grupo tem nos municípios de Abatiá, Santa Amélia e Cornélio Procópio.
?A fábrica de biodiesel seria uma forma de regionalizar a produção?, argumentou. Taji está pensando em fomentar o plantio de mamona e pinhão-manso entre os agricultores para colocar a usina em operação já em 2008. Segundo Taji, se o empreendimento for concretizado deverá gerar cerca de 1.500 empregos entre diretos e indiretos.
A empresária Christianne Fullin, diretora da Companhia Brasileira de Energias Alternativas, acredita no potencial do plantio de tungue como principal matéria-prima para a usina de biodiesel que o grupo empresarial pretende instalar na região central do Estado. O tungue é uma planta nativa da região, com percentual de produção de óleo acima de 35%.
Fullin pediu o apoio do secretário Bianchini para a construção dos arranjos necessários na região. Segundo a empresária, o grupo quer atender os mercados interno e externo.
Para o coordenador do programa de Biodiesel na Secretaria da Agricultura, Richardson de Souza, os grupos econômicos buscam o apoio do governo do Estado porque sabem que isso é fundamental para conseguir a confiança dos agricultores. Além disso, eles têm acesso ao conhecimento desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Agronômicas do Estado do Paraná (Iapar), que está pesquisando o rendimento de oleaginosas em várias regiões do Estado.
O Iapar está pesquisando o rendimento de oleaginosas com capacidade de produção de óleo entre 35% a 50% e ainda o aproveitamento do farelo residual. No caso de sementes de girassol, canola e soja, o resíduo pode ser transformado em torta para alimentação animal. Outras oleaginosas, cujo resíduo é tóxico, como pinhão-manso, mamona e tungue, a torta final pode ser utilizada para adubação orgânica nas lavouras.
A pesquisa do Iapar com biodiesel está direcionada para oferecer alternativas de produção e renda adicional nas propriedades em períodos de safrinha e de inverno, quando a terra não está sendo muito utilizada. Segundo Souza, a pesquisa está sendo desenvolvida de modo a não promover a competição da produção de oleaginosas para a produção de biodiesel com a produção de alimentos.
As empresas se comprometem a oferecer o pacote de insumos, assistência técnica e garantia de compra da produção. Segundo Souza, a Seab recomenda ao produtor só investir no plantio de oleaginosas com a garantia de compra por parte da empresa e de preferência com contrato antecipado.