O número de setores que se consideram com estoques excessivos passou de quatro em abril para seis em maio, mostra a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, divulgada nesta segunda-feira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Dos 14 setores analisados, os que se avaliam como superestocados são os minerais não-metálicos, mecânico, material de transporte, têxtil, mobiliário e vestuário e calçados. Em abril, material de transporte e mobiliário não faziam parte dessa lista.
A pesquisa da FGV considera um setor superestocado quando o saldo líquido entre o número de empresas que se dizem excessivamente estocadas e o total das que afirmam trabalhar com estoques insuficientes é superior ou igual a 10 pontos porcentuais.
De abril para maio, sete setores registraram ainda aumento do número de empresas que julgam ter estoques em excesso: minerais não metálicos; mecânico; material elétrico e de comunicações; material de transporte; química; mobiliário; e celulose, papel e papelão.
“O estoque em alta, além da baixa perspectiva de aumento da demanda global, mostra que a indústria de transformação não terá uma recuperação como a esperada para este ano”, disse o coordenador da sondagem e superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloisio Campelo. “A indústria deve começar o segundo semestre ainda com desempenho ruim.”
O indicador geral de produção prevista, ressaltou Campelo, caiu em maio pela segunda vez consecutiva. “Não há nenhuma sinalização de retomada da produção da indústria em junho e julho”, afirmou. “O estoque ainda deve pesar.”
Campelo observou que a sondagem, realizada em maio, ainda não captou os reflexos das medidas de estímulo ao consumo anunciadas pelo governo federal nem os efeitos da alta do câmbio. “É preciso esperar o resultado de junho para poder avaliar esses efeitos com precisão”, afirmou.
O coordenador avalia que o excesso de estoques em alguns setores não chega a ser um problema. É o caso, por exemplo, de minerais não metálicos, mobiliário e de vestuário e calçados. “Como a perspectiva de produção para os próximos três meses nesses setores atinge níveis acima da média dos últimos 60 meses, isso indica uma situação passageira”, disse.
No caso de material de transporte, que inclui a indústria automobilística, a situação é diferente, segundo Campelo, porque a produção prevista ficou em 118 pontos, enquanto a média dos últimos 60 meses é de 137 pontos, ou seja, o setor não acredita em recuperação no curto prazo.