A percepção dos investidores estrangeiros sobre as duas maiores economias da América Latina, Brasil e México, tem mudado de forma significativa e aumentou a diferenciação entre os dois países, de acordo com a diretora de ratings soberanos para a América Latina da agência de classificação de risco Fitch Ratings, Shelly Shetty.

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O México tem alguns indicadores melhores que o Brasil, principalmente um crescimento econômico maior, na casa dos 2,5% ao ano, e inflação mais comportada, além de uma agenda de reformas. O México tem ainda indicadores fiscais melhores que a economia brasileira, incluindo um dos principais, a relação entre dívida bruta e o Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil, o índice está ao redor de 60%, enquanto no México está em 50%.

Uma das formas mais perceptíveis da maior diferenciação que vem sendo feito pelos investidores internacionais entre o Brasil e o México, destaca a diretora da Fitch, são as taxas dos contratos de swap de default de crédito (CDS, na sigla em inglês), um tipo de proteção usado crescentemente no setor financeiro contra calotes.

Os “spreads” dos contratos de cinco anos das duas economias começaram a se distanciar a partir de julho de 2013 e o movimento se intensificou em 2015. Com isso, a taxa do CDS do Brasil ultrapassou este ano os 300 pontos-base, enquanto a do México está abaixo de 150 pontos. Após o Brasil perder a classificação grau de investimento pela Standard & Poor’s (S&P), a taxa superou os 390 pontos nesta quinta-feira, 10. O Brasil tem rating “BBB”, com perspectiva negativa, adotada em abril, quando a Fitch fez sua última avaliação da nota soberana brasileira. O México tem classificação “BBB+” e perspectiva estável, afirmada em julho.

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China

A América Latina deve ter crescimento zero este ano, influenciada pelo Brasil, que deve ter contração acima do esperado. “A região tem estado sob vários focos de pressão”, disse Shelly no painel. Entre os desafios para o Brasil e a América Latina, Shelly citou o desaquecimento da economia da China, a elevação dos juros nos Estados Unidos e a volatilidade nos preços das commodities, além de alguns fatores específicos de cada país, como a turbulência política no Brasil.

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América Latina

A América Latina tem três desafios principais, segundo a diretora Fitch. O de acelerar a taxa de crescimento, lidar com o cenário mais adverso e melhorar as contas fiscais. No seminário de hoje em Nova York, o diretor da agência, Erich Arispe, ressaltou que a expectativa para alguns países da região é que a deterioração das contas públicas persista. Dos 17 mercados cobertos pela Fitch na região, 12 devem registrar deterioração do déficit nos próximos dois anos.