Cresce adesão à greve dos bancários no Paraná

Mais agências bancárias ficaram fechadas ontem e um número maior de trabalhadores cruzaram os braços no Paraná. É esta a avaliação do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e da Federação dos Bancários da CUT no Paraná (Fetec-CUT) sobre o segundo dia de paralisação dos bancários. A greve por tempo indeterminado deve seguir pelos próximos dias, uma vez que a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não convocou nova rodada de negociações, esperada para ontem. No país, no entanto, balanço divulgado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) mostrou que o número de bancários que aderiram à greve nacional caiu de 190 mil no primeiro dia, para 185 mil.

?Como não surgiu nenhuma proposta nova, o indicativo será pela continuidade da greve?, afirmou o diretor-financeiro do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Otávio Dias. Ontem à noite, os trabalhadores se reuniram em nova assembléia, para deliberar pela continuidade da greve. Eles reivindicam reposição da inflação, aumento real de 7,05% e melhoria da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Os bancos, por sua vez, oferecem apenas a reposição da inflação e uma PLR abaixo do reivindicado.

Segundo o sindicato, 9,2 mil dos 25 mil bancários de todo o Paraná não trabalharam ontem. Só em Curitiba e região, cerca de 175 agências e sete centros administrativos não abriram as portas, além de quase 85 agências do interior. ?Algumas agências estão totalmente fechadas. Outras estão trabalhando com alguma dificuldade, com poucos funcionários?, afirmou Dias. A paralisação total atinge principalmente as agências do centro da capital.

Interditos proibitórios

O aumento da adesão à greve ocorreu mesmo com a expedição de interditos proibitórios pela Justiça. É o caso do banco Itaú, que conseguiu na Justiça o direito de reabrir as portas de três agências do centro de Curitiba – uma na João Negrão e duas na XV de Novembro – e do Bradesco, que reabriu as agências da XV de Novembro, Marechal Deodoro e Comendador Araújo. ?Os oficiais da Justiça chegaram com aparato policial. Preferimos ceder a entrar em confronto?, afirmou Otávio Dias.

No interior, várias agências de bancos privados também reabriram as portas mediante ordens judiciais. Em algumas cidades, houve inclusive prisões. É o caso de Umuarama, onde dois diretores do sindicato da categoria, Wilson de Souza (bancário do HSBC) e Edilson José Gabriel (bancário do Itaú) foram detidos. Em Umuarama, das nove agências na cidade, sete permaneciam fechadas.

Conforme levantamento da Fetec-PR, em Londrina, 45 agências e seis postos de atendimento bancário continuavam com as portas fechadas ontem. Em Apucarana, eram 14 agências; em Campo Mourão, seis e 18 em Cornélio Procópio.

INSS

Pouco mais de 150 mil beneficiários do INSS podem ter atrasado o pagamento de novembro por causa da greve dos bancários. A situação é mais crítica para pouco mais de 7 mil beneficiários que são correntistas de bancos pequenos. O prazo se encerrou ontem. Os segurados só receberão o benefício depois do recadastramento e o INSS decidiu não prorrogar o prazo mesmo com a paralisação.

Muita fila nas casas lotéricas

Diogo Dreyer

Foto: João de Noronha/O Estado

Faltou dinheiro e o atendimento estava demorado.

A greve dos bancários causou filas e demora no atendimento em muitas casas lotéricas em Curitiba. ?Estamos no meio da tarde e já estou com um sério problema de falta de dinheiro nos caixas?, afirma Raimundo Corrêa, dono de uma lotérica no bairro Mercês. ?Em dias de greve de bancários, sempre temos mais saída de dinheiro do que entrada?, confirma Auxílio Suguimoto, proprietário da Loterias Muricy, no centro. Um agravante, lembra Corrêa, é que ontem foi o quinto dia útil do mês, quando muita gente recebeu os salários e aproveitou para pagar as contas.

Para os proprietários de lotéricas, a pior conseqüência da greve foi ter que absorver grande parte dos correntistas da Caixa Econômica Federal, já que as casas fazem o pagamento de diversos benefícios do banco, como aposentadorias e Bolsa Família. ?Precisava do meu dinheiro da aposentadoria que eu sempre saco no caixa do banco. Como estava fechado, o jeito foi vir à lotérica?, diz Sérgio Mello Castro, que aproveitou para fazer um jogo da Mega-Sena.

?Ao menos o estresse de ter que atender a toda essa gente acaba compensado pelos jogos. O pessoal saca o dinheiro e já aproveita para fazer uma fezinha?, diz Suguimoto. Mas o empresário preferia que a greve tivesse acontecido depois do dia 20. ?Até o meio do mês o movimento sempre é grande. Depois até a data dos salários cai bastante, por isso se a paralisação fosse nesse período não causaria tantas filas e não prejudicaria os clientes habituais.?

O comerciante Roberto Kurogi costuma ir aonde tem menos filas. ?Mas hoje não tive opção e tive que perder um tempo aqui até ser atendido?, conta. Já a costureira Cátia Romano diz que a fila até que foi rápida, mas que preferia poder ter ido ao banco. ?Pago as contas no caixa automático, mas nem isso estava aberto na minha agência.?

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo