Não apenas imóveis e veículos, mas também reformas, viagens e até procedimentos estéticos. O consórcio de serviços, segmento mais novo dessa modalidade – uma invenção brasileira -, tem ganhado espaço e começa a ser encontrado no varejo bancário. A modalidade atrai pelas parcelas que cabem no bolso e porque aumenta o poder de barganha, pois o serviço é pago à vista. Mas só vale para quem não tem pressa e tampouco disciplina para guardar dinheiro sozinho, dizem especialistas.

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O consórcio de serviços funciona tal qual um consórcio de veículos ou imóveis: interessados formam um grupo por meio de uma administradora, compram cotas e, para ter direito ao crédito, podem dar um lance ou aguardar até serem contemplados por sorteio. A carta de crédito tem valores que vão de R$ 2 mil a R$ 30 mil.

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De janeiro a abril, o volume de crédito comercializado via consórcio de serviços foi de R$ 60 milhões – crescimento de 126% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac).

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“É uma modalidade ainda muito nova, que surgiu em 2009 e só tem se tornado conhecida nos últimos tempos, mas que tem um potencial de crescimento muito grande pela sua flexibilidade”, afirma Paulo Rossi, presidente da Abac. “O primeiro lugar na utilização dos créditos é para serviços residenciais, como uma reforma, por exemplo”, diz ele. Em segundo, conta Rossi, ficam as festas, seguidas por procedimentos de saúde e estética, como cirurgias plásticas.

“Carro nem todo mundo vai comprar, mas de serviços todo mundo precisa”, diz Paulo Ivan Rabelo, diretor comercial de consórcios do Banco do Brasil – o único entre os bancos de varejo com linha específica para serviços. De janeiro a maio foram comercializados R$ 19 milhões, mais que o dobro do total contratado em todo o ano de 2016. A carta de crédito vai de R$ 5 mil a R$ 10 mil, e a taxa de administração do fundo é de 0,6% ao mês – mais a taxa do fundo de reserva, de 0,2% ao mês.

“Há duas semanas, passamos a permitir que o cliente contrate o consórcio de serviços via aplicativo, e já foram vendidos R$ 600 mil em cotas”, afirma Rabelo. Apesar de o segmento de serviços ainda ser pouco expressivo na carteira geral de consórcios do banco, no aplicativo ela representa 20% das vendas.

Ainda pouco conhecida, a adesão a fundos da modalidade é mais comum por meio de cooperativas de crédito. “Ainda não temos muitas administradoras no mercado, porque, dentre todos os segmentos (de consórcio), o de serviços é o que tem garantia mais frágil, diferentemente do automóvel, que tem como garantia um bem real”, afirma Fernando Di Diego, gerente de Mercado e Produto da Administradora de Consórcios do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi). “Mas há bastante potencial de crescimento, pois é um processo bem ágil – o crédito é liberado em até 48 horas, o que é bom para os prestadores de serviços, que recebem à vista”, observa.

Em um consórcio de R$ 5 mil em 36 meses, por exemplo, a taxa é de 0,44%. “Comparado com um crédito pessoal, é infinitamente menor.”

O consorciado é o responsável pela escolha do prestador. “O próprio consorciado que vai atrás do profissional dele. Não indicamos ninguém”, afirma Edna Honorato, diretora do Consórcio Luiza, empresa do Grupo Magazine Luiza. A carta de crédito varia de R$ 6 mil a R$ 15 mil. Apesar de o cliente poder escolher o prestador, o uso não pode fugir do escopo dos serviços. “Em reforma, não adianta ir à loja de construção comprar cimento”, explica Ricardo de Amorim, gerente comercial de Produtos e Serviços do Sicoob. “A empresa que presta serviço tem de garantir o material, senão foge das características do produto.” Em breve, diz ele, o consumidor poderá fazer o consórcio via aplicativo.

Planejamento

Apesar das taxas baixas em comparação a operações de crédito, especialistas alertam que o consórcio só vale a pena para quem não precisa do montante no curto prazo e, sobretudo, para quem não consegue guardar dinheiro sozinho.

“É uma poupança forçada, mas que tem custos”, observa Fábio Gallo, professor de finanças da FGV-SP. “É sempre preferível esperar, aplicando o dinheiro e se aproveitando da rentabilidade do investimento”, diz. “Principalmente porque não costuma se tratar de gastos essenciais – então é possível se planejar.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.