Crédito volta a se expandir, diz chefe do BC

O chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC), Túlio Maciel, avalia que o mercado de crédito voltou a crescer em fevereiro e a apresentar desempenho considerado mais próximo do normal. “Em janeiro, quando o número recuou, o dado havia sido atípico. A trajetória do crédito volta a uma situação normal”, disse, ao apresentar os dados do mercado de crédito no mês passado.

Em fevereiro, o estoque de operações de crédito cresceu 0,4% na comparação com janeiro, abaixo do ritmo de 1,4% verificado em fevereiro de 2011. “O que vemos é a retomada da expansão, ainda que em um ritmo ainda modesto”, disse Maciel.

Entre os fatores que explicam essa moderação no crédito, Maciel destacou a “posição mais cautelosa por parte dos bancos desde o segundo semestre do ano passado”. “Além disso, há alguma sazonalidade e repercute o ritmo de atividade”, disse.

O chefe do Depec do BC explica que a resistência dos bancos é explicada especialmente “por um patamar de inadimplência relativamente elevado que tem sido observado ao longo de 2011”. “A despeito do aumento do emprego e da renda, há certa resistência para a inadimplência recuar”, disse.

Veículos

Maciel citou que dados preliminares sinalizam que o crédito tem apresentado expansão mais forte em março, o que reforça a percepção que esse mercado voltou a ter um comportamento mais próximo do normal após o desempenho atípico em janeiro.

Maciel defendeu a retirada de parte das medidas macroprudenciais feita pelo BC no fim de 2011 para alguns segmentos de crédito, inclusive financiamento de veículos. “No fim de 2011, o crescimento já era compatível com as demais modalidades. Por isso, era possível retirar parte das medidas”, disse. Em fevereiro de 2012, a inadimplência nos financiamentos a veículos bateu recorde.

Durante a entrevista, Maciel manteve a previsão do BC de que o estoque de crédito deve crescer 15% em 2012 na comparação com 2011.

Inadimplência

Maciel informou que a inadimplência de 5,5% dos financiamentos para compra de veículos registrada em fevereiro é a maior da série, que teve início em 2000. Segundo ele, esse patamar de inadimplência é o mesmo registrado em junho de 2009 (até então o mais elevado).

Questionado se esse crescimento da inadimplência não traz riscos para a economia brasileira, Maciel destacou que o crescimento da economia, o fim do aperto monetário e da retirada das medidas macroprudenciais contribuem para a melhoria da inadimplência de uma forma geral.

Ele ponderou ainda que os bancos estão mais seletivos na concessão de crédito, o que ajuda na acomodação da inadimplência. Outro fator apontado por Maciel é a moderação das concessões de crédito na modalidade de empréstimos que mais contribuiu para o aumento da inadimplência, justamente os financiamentos para a compra de veículos. “É um conjunto de fatores que nos fazem crer na reversão da inadimplência”, disse.

O chefe do Depec destacou ainda que a inadimplência maior teve reflexos na alta das taxas juros e do spread cobrados pelos bancos nos créditos. Mas ele antecipou que dados de março já mostram um recuo das taxas de juros.

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