Crédito fácil estimula a construção civil

As vendas de materiais de construção, em 2007, tiveram um resultado que superou as estimativas do setor. De uma projeção inicial da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) de aumento de 10%, o crescimento atingiu 15,47%. Já o Sindicato do Comércio Varejista de Materiais de Construção no Estado do Paraná (Simaco) informa que o setor fechou o ano com um crescimento de 12,41% nas vendas.

Esse resultado é reflexo de uma série de fatores, como desoneração de produtos, aumento do crédito para financiamentos e queda na taxa de juros. O consumidor individual, caracterizado como formiguinha – que consome para auto-gestão – reduziu sua participação em relação as construtoras. No entanto, as empresas voltaram sua produção para as classes média e baixa, que passaram a ser grandes consumidores.

Esse é o melhor resultado para o setor desde 2005, quando a construção civil passou por um período de estagnação. O presidente da Abramat, Melvyn Fox, comenta que a medida de desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de mais de 40 itens, adotada pelo governo federal, ajudou a impulsionar o setor. Aliados a isso, vieram, maior disponibilidade para financiamentos, queda nas taxas de juros e aumento do poder aquisitivo da população. ?Tudo isso fez com que o setor da construção civil alavancasse, e saltou de um crescimento de 6,03% em 2006 para mais de 15% no ano passado,? falou Fox.

Para o presidente do Simaco, César Luiz Gonçalves a mudança de cultura da população em relação a moradia também refletiu nesses números. ?De uma forma geral, a população tem consciência que morar bem é necessário, e que a moradia vem antes do consumismo?, avaliou. Segundo ele, boa parte das vendas foram de produtos para a reforma, o que demostra que o consumidor está preocupado com a qualidade do materiais e, e por conseqüência, do seu conforto.

Para 2008 o setor continua otimista. Melvyn Fox estima que se o consumo continuar voltado para a construção habitacional, o crescimento pode chegar a 12% a mais que em 2007. Isso estaria atrelado às construturas que, ao contrário de investir em projetos para a classe alta, estão ofertando produtos para as classes média e baixa. ?Essas classes estavam fora do mercado consumidor. Mas hoje eles têm dinheiro e recursos para financiamento, o que vem impulsionando as aquisições?, ponderou. No entanto, se as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deslancharem, avaliou Fox, o crescimento das vendas de material de construção podem subir acima de 15%.

Proposta é fidelizar o consumidor

Cartões de fidelidade, horário de atendimento ampliado e equipe de vendas treinadas para orientar. Essas são algumas estratégias usadas pelas lojas de material de construção para atrair os clientes. Mesmo com a grande concorrência – são cerca de 10 mil lojas no Paraná, sendo 3 mil somente em Curitiba e região metropolitana – o setor como continua crescendo.

Entre os bons resultados registrados nas lojas do Balaroti o destaque ficou por conta do cartão próprio. O diretor de marketing e vendas da rede, Eduardo Arilson Balaroti disse que o produto foi lançado há um ano e nesse período já foram emitidos 100 mil cartões nas 16 lojas da rede. ?É uma maneira de fidelizar o cliente?, disse. Duas lojas também abrem aos domingos e atendem até as 22h, o que vem atraindo um público diferenciado.

A Cassol aumentou a quantidade e o mix de produtos e investiu em publicidade. O gerente de vendas da loja de Curitiba Vanderlei Folmann comenta que a ampliação dos produtos foi uma exigência dos próprios consumidores, assim como a criação de um setor específico de eletroportáteis e produtos para decoração. Com setor de financiamento próprio, a Cassol baixou os juros a menos de 1%, o que também ajudou a atrair consumidores.

Um pouco menos otimista com o crescimento do setor, o proprietário da Atenas Materiais de Construção, Hamilton do Vale Pansolin, entende que o crescimento nas vendas em 2007 foi uma fase, que não deverá se prolongar por muito tempo. Ele atribui isso ao fato da facilidade de comprar a longo prazo. ?Muitas vezes o consumidor não quer saber quanto vai custar, mas saber quanto vai pagar de prestação. Daí se empolga e compra?, finalizou.

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