O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, disse nesta terça-feira (17), em audiência pública que aconteceu esta manhã na Comissão de Agricultura do Senado, que 50 frigoríficos deixaram de abater bovinos por causa da escassez de crédito provocada pela crise financeira internacional. Segundo ele, algumas unidades deixaram de funcionar de forma definitiva. No total, os frigoríficos que estão com as atividades paralisadas no País abatem 30 mil cabeças de gado por mês e respondem por 15 mil empregos.

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O executivo afirmou que os preços do boi recuaram nos últimos 20 dias, mas que as cotas estão distantes dos R$ 42 registrados em 2005, quando foram diagnosticados focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paraná.

Pacote

Salazar fez duras críticas a um possível pacote do governo de ajuda às grandes indústrias do setor. “Eu queria entender porque é preciso socorrer companhias que cometeram erros internos, com a injeção de recursos em empresas que entraram com pedido de recuperação judicial”, afirmou. Notícia publicada ontem no jornal Valor Econômico dizia que o governo injetaria recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil nos grandes frigoríficos.

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“Ninguém está pensando em socorrer os pequenos e médios, que respondem por 70% do abastecimento do mercado interno”, afirmou Salazar. Ele disse ainda que muitos frigoríficos cresceram “quando o sol brilhava para todos”. “Agora, na sombra, o governo vai ajudar essas empresas que cometeram erros”, afirmou.

Já o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Gianetti da Fonseca, defendeu um “programa de apoio” do governo à indústria frigorífica e rebateu as críticas da Abrafrigo de que o pacote beneficiaria apenas os grandes frigoríficos. “O BNDES está aberto à todos os frigoríficos que tiverem com balanço em dia”, afirmou Gianetti da Fonseca, lembrando que o BNDES opera com linhas do Fundo de Amparo ao Trabalhado (FAT), que tem o objetivo de manter o nível de emprego.

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Ao chegar ao Senado para participar da audiência, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse desconhecer qualquer pacote que estaria sendo preparado pelo governo para ajudar os frigoríficos. Ele afirmou também que o governo não pode adotar medidas generalizadas de apoio aos frigoríficos que enfrentam dificuldades financeira porque ainda não tem a dimensão exata do problema.

Exportação

Stephanes disse ainda que a saída para a crise dos frigoríficos está no mercado externo. Ele declarou que determinou uma redução nos prazos das negociações comerciais que estão em andamento no Ministério da Agricultura e voltou a afirmar que aposta no crescimento das exportações da carne bovina para a União Europeia (UE).

O ministro lembrou que o mercado europeu já foi responsável por 18% do volume e 30% da receita cambial das exportações brasileiras de carne bovina. Esta participação caiu a zero no começo de 2007, quando a União Europeia pôs em cheque o modelo de rastreabilidade do rebanho bovino adotado pelo Brasil. “Exportamos agora um terço do que exportávamos e temos que trabalhar muito para retomar esta participação”, afirmou o ministro, ao ressaltar que o esforço deve partir dos frigoríficos exportadores.