Os balanços semestrais das grandes instituições financeiras deixaram claro o tamanho do impacto da crise global sobre o crédito no Brasil. No fim do ano passado, as carteiras de crédito dos três maiores bancos privados do País – Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Real – totalizavam R$ 626,6 bilhões. Ao final do primeiro semestre deste ano, a mesma soma resultava em R$ 616 bilhões. Ou seja, houve uma queda de 1,7% no período. No Itaú, que divulgou ontem os resultados do segundo trimestre, o recuo foi de 2,2%. No Bradesco, de 1,2%, e no Santander Real, de 1,5%.
As instituições afirmam que pisaram no freio por causa da expressiva alta da inadimplência em decorrência da crise internacional. Os dados do Banco Central (BC) mostram que a inadimplência média entre as empresas cresceu de 1,8% do total das operações em dezembro de 2008 para 3,4% em junho. Nas pessoas físicas, o salto no intervalo foi um pouco menor: de 8% para 8,6%.
“Esse movimento é normal para um momento de crise como o que vivemos”, disse o presidente da agência de classificação de risco Austin Rating, Erivelto Rodrigues. “É ruim para a economia em geral, mas, do ponto de vista dos resultados dos bancos, é positivo.” O analista de bancos da Corretora Planner, Pérsio Nogueira, concorda. “(A queda do crédito) não foi significativa. Os bancos precisaram se ajustar, tiveram de esperar passar toda essa marola”, afirmou. “Não se pode dizer que as instituições foram excessivamente conservadoras. É preciso lembrar que a procura por empréstimos também caiu.”
A área econômica do governo discorda dessa avaliação e, mesmo no auge da crise, determinou que os bancos públicos, notadamente o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, emprestassem mais. As autoridades defenderam a ideia de que a pressão dos bancos públicos levaria também os privados a emprestar mais. No BB, por exemplo, a carteira de crédito cresceu 7,6% no primeiro trimestre ante os três últimos meses do ano passado, para R$ 241,9 bilhões. Os resultados do semestre só serão conhecidos amanhã, quando a instituição divulgará o balanço do segundo trimestre. Mas analistas de mercado dão como certo um novo avanço. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.