A continuidade da provisão de empréstimos de emergência aos bancos da Grécia põe em dúvida a solidez do sistema bancário do país, afirmou hoje o presidente do Banco Central da Alemanha (Bundesbank), Jens Weidmann, num momento em que o Banco Central Europeu (BCE) toma decisões diárias sobre o fornecimento de crédito às instituições financeiras gregas.
Weidmann, que também é membro do conselho diretor do BCE, comentou que a assistência emergencial à Grécia “está sendo oferecida por um período prolongado e se tornou a única fonte de financiamento dos bancos”. Segundo ele, a solidez financeira dos bancos gregos tem sido minada pelas decisões de política de Atenas, que geraram “fuga de capitais e saques em larga escala”.
Embora não surpreendam, uma vez que Weidmamm é conhecido por seu conservadorismo, os comentários lançam luz sobre o risco de o BCE logo deixar de prover a liquidez emergencial que está sustentando os bancos gregos.
Hoje, o BCE manteve inalterado pelo segundo dia seguido o limite dos recursos que os bancos da Grécia podem tomar emprestados por meio do programa de assistência emergencial de liquidez (ELA, na sigla em inglês), segundo uma fonte do setor bancário grego, após elevá-lo por três dias consecutivos.
Nos últimos dias, o ritmo de saques bancários na Grécia perdeu força, depois de chegar a ultrapassar 1 bilhão de euros no final da semana passada, em meio a incertezas sobre as negociações de Atenas com credores para um eventual acordo de resgate.
Nesta quinta-feira, o banco central grego não solicitou aumento do limite do programa emergencial, de acordo com a fonte.
Para Weidmann, bancos que são beneficiados por empréstimos emergenciais “precisam ser instados a fazer o possível para melhorar sua situação de liquidez e não piorá-la ainda mais com a rolagem de títulos soberanos sem liquidez”.
“Neste contexto, deveria ficar claro para todas as partes envolvidas nas atuais negociações (entre Grécia e credores) que o Sistema do Euro não deve fornecer empréstimos-ponte à Grécia, mesmo em antecipação a desembolsos posteriores”, afirmou Weidmann. “Quando bancos sem acesso aos mercados compram dívida soberana que também está fora do mercado, recorrer ao ELA levanta sérias preocupações sobre financiamento.” Fonte: Dow Jones Newswires.