Lonas de caminhão

Crédito de regra de ouro precisa ser aprovado até perto do dia 15, diz Mansueto

O governo tem cerca de 15 dias para garantir a aprovação da autorização especial necessária para bancar, com recursos de empréstimos, despesas correntes como benefícios e subsídios sem prejuízos a qualquer programa, alertou nesta quarta-feira, 29, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida. Caso as negociações levem mais tempo, há risco de atraso nos pagamentos e o Plano Safra 2019/2020 pode ter que ser adiado.

“Se o crédito não for aprovado até 14, 15 ou 16 de junho, vai ficar difícil remanejar despesas”, afirmou o secretário. Ele ressaltou que o Plano Safra não pode sequer ser anunciado sem que o crédito já esteja garantido.

Mais cedo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a tratativa para a aprovação do crédito suplementar sem ferir a Constituição “embananou de novo”.

A equipe econômica pediu ao Congresso aval a um crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões para autorizar despesas nesse valor e pagá-las com recursos obtidos via emissão de títulos da dívida. O governo só pode usar empréstimos para pagar despesas correntes com autorização do Legislativo – do contrário, comete crime de responsabilidade, passível de impeachment.

Desde a formulação do Orçamento de 2019, porém, o rombo na chamada “regra de ouro” do Orçamento caiu, o que significa uma dependência menor desses empréstimos para bancar gastos correntes. Com isso, o relator do crédito, deputado Hildo Rocha (MDB-MA), resiste em dar parecer autorizando um endividamento adicional que ele considera excessivo.

Na terça-feira, a equipe econômica enviou nota técnica a Rocha sugerindo um ajuste no pedido do crédito para reduzir o valor a algo mais próximo à real necessidade do governo. No documento, revelado pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a insuficiência é calculada em R$ 146,7 bilhões. A apresentação de um novo valor, porém, não foi suficiente para vencer as resistências do relator.

Mansueto disse que a solução está sendo construída politicamente, com reuniões com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e entre lideranças do governo e o relator do crédito na Comissão Mistra de Orçamento (CMO).

Caso a saída seja mesmo reduzir o valor do crédito, ele explicou que será preciso aprovar três projetos: o PLN 4, que é o do crédito suplementar, e outros dois para alterar o Orçamento e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) garantindo mais flexibilidade ao remanejamento de recursos. É possível aproveitar dois projetos já em tramitação para isso, o PLN 1 e PLN 2.

Segundo o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, o PLN 4 é o mais urgente. Os outros dois poderiam ser aprovados posteriormente.

Restos a pagar

O secretário do Tesouro Nacional disse que, mesmo com o forte contingenciamento que atingiu as despesas em 2019, não há discussão de mudar a meta de primário do ano, que admite um déficit de R$ 139 bilhões. “A meta é a que está posta”, afirmou.

Ele defendeu que os ministérios façam um controle “mais fino” de restos a pagar, que, se não forem pagos, poderão ser cancelados e abrir espaço para descontingenciar despesas. Até abril, os restos a pagar somam R$ 87,8 bilhões. Pelo lado das receitas, Almeida acrescentou que não há muito espaço para buscar receitas extraordinárias.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo