A Comissão Mista para o Controle Social do Complexo Portuário, formada pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR), apresentou ontem um pré-relatório sobre a situação do Porto de Paranaguá do ponto de vista técnico-operacional. O documento, elaborado nos últimos dois meses, evidencia uma série de deficiências, dentre elas a defasagem de infra-estrutura. Ontem, uma última discussão foi feita para ?aparar as arestas? do relatório, mas a Administração dos Portos (Appa), apesar de convidada, não compareceu.
O objetivo dos especialistas é alertar governo e sociedade para a situação atual do porto e do complexo de transporte paranaense. ?Por não atender a certas condições técnicas de operacionalidade, o porto pode ter um futuro sombrio. Grandes operadores de carga e armadores devem procurar outros portos brasileiros para embarque e desembarque de suas mercadorias?, acredita o conselheiro do Instituto de Engenharia, Paulo Nascimento.
Um dos motivos para isso é a falta de dragagem no Canal da Galheta, segundo os engenheiros, essencial para evitar o encalhe de navios de grande porte durante manobras de atracação. ?O porto diz que durante esta gestão houve acúmulo de recursos, mas, por outro lado, não foi feita a dragagem por falta de dinheiro para pagar a empresa especializada. Entendemos que é possível para o Estado até mesmo adquirir a draga para fazer o serviço?, reivindica o presidente do Instituto de Engenharia, Luiz Cláudio Mehl.
Outro fator é a exigência de reformas nos berços de atracação, bem como investimentos no setor de transporte. ?Hoje, no Paraná, não temos diretriz de desenvolvimento dos intermodais de transporte, seja no porto, na ferrovia ou na rodovia?, critica o presidente do Crea-PR, Álvaro Cabrini Júnior. Além disso, ele lembra a licitação 008/2004, destinada à reforma de berços de atracação e aprofundamento do cais, cancelada por inviabilidade técnica e mesmo assim reaberta recentemente, sob o número 003/2007.
O pré-relatório ainda deve sofrer novas discussões técnicas durante o 1.º Seminário Internacional de Infra-Estrutura Portuária, que será promovido pelo Crea-PR em setembro, com participação de entidades ligadas ao setor em escala mundial. Antes disso, porém, será encaminhado ao governo do Estado. A Appa preferiu não se posicionar sobre o texto, justificando não ter participado da elaboração e não conhecer o conteúdo. O Crea garante, entretanto, que o governo foi convidado para todas as reuniões que culminaram no documento final.
