CPI pede quebra de sigilo da Parmalat na Itália

Rio – A CPI do Banestado deve pedir a quebra de sigilo bancário da matriz da Parmalat na Itália e de outras 57 empresas e executivos ligados à companhia de laticínios no Brasil e no exterior. Segundo dados do Banco Central obtidos pela CPI, a Parmalat remeteu R$ 1,7 bilhão para o exterior, por meio de operações CC-5 (contas bancárias de não-residentes no País) entre 1996 e 2002. Em outro processo, a CPI solicita investigações sobre 17 empresas e executivos ligados ao grupo Cirio, também italiano, dono da marca Bombril.

O requerimento para a quebra de sigilo da Parmalat foi feito pela deputada federal Iriny Lopes (PT-ES), que faz parte da comissão, e deve ser votado ao fim do recesso parlamentar. Ela pede a quebra do sigilo de 30 empresas do grupo, quatro clubes de futebol – Palmeiras, Jundiaí, Juventude (RS) e Santa Cruz (PE) – e 28 executivos que estão ou já passaram pela empresa, incluindo o patriarca Calisto Tanzi. A inclusão dos clubes de futebol é fruto de uma suspeita de lavagem de dinheiro em negociações de jogadores.

A fornecedora de embalagens sueca Tetrapak também figura na lista de empresas que devem ter o sigilo quebrado, segundo o requerimento da deputada. De acordo com o pedido, o ex-diretor-financeiro da Parmalat na Itália Fausto Tonna afirmou que a empresa não contabilizava em suas finanças os descontos obtidos na compra de embalagens, o que teria ocasionado um desfalque de 800 milhões de euros.

A quebra do sigilo das empresas e executivos no exterior depende, porém, do cumprimento pelo governo italiano de um acordo bilateral que permite esse tipo de investigação. Segundo a deputada capixaba, no período investigado a Parmalat ingressou com R$ 513,7 milhões no Brasil, o que resulta em um saldo negativo de R$ 1,2 bilhão em suas transações financeiras com o exterior.

No início do ano, a Justiça italiana decretou estado de insolvência da empresa, suspeita de fraudes contábeis que podem ter resultado em um rombo de 10 bilhões de euros em suas contas. O contador da Parmalat italiana, Gianfranco Bocchi, chegou a recomendar este mês que a Justiça investigasse as contas da filial brasileira do grupo, declarando que o dinheiro desviado poderia ser encontrado no Brasil.

Cirio

A CPI descobriu também, com base em dados do BC, que a Bombril remeteu para o exterior R$ 1,3 bilhão entre 1996 e 2001. Entre os nomes que devem ter o sigilo quebrado, segundo requerimento da deputada Iriny Lopes, está o de Gianni Grisendi, que presidiu a Parmalat por 11 anos. A empresa também está sob suspeita de evasão irregular de divisas. A investigação também depende do acordo Brasil-Itália.

Empresa está com 50% de ociosidade

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação (Contac), Sirderlei Oliveira, disse ontem que metade da produção da Parmalat no Brasil já está parada pela falta de matéria-prima. De acordo com informações dos sindicatos locais, apenas a fábrica de Garanhuns, em Pernambuco, continua funcionando normalmente. As unidades de Jundiaí e Araçatuba, em São Paulo, Santa Helena de Goiás, em Goiás, e Carazinho, no Rio Grande do Sul, estão parcialmente paradas.

“De todos esses lugares, por enquanto só foram demitidos funcionários em Goiás, mas é claro que novas demissões vão acontecer se ninguém tomar uma providência”, explicou.

Oliveira falou também da possibilidade de criar uma cooperativa nacional de produtores de leite para substituir a Parmalat. Disse também que vender a produção para a concorrência não é um bom negócio. “Se tudo for vendido para a Nestlé teremos mais um monópolio no Brasil e isso não leva a nada”, alertou.

Crédito

Os R$ 200 milhões prometidos pelo governo aos produtores de leite começaram a chegar ontem às superintendências regionais do Banco do Brasil. De acordo com o gerente da Diretoria de Agronegócios do banco, Rogério Teixeira, o dinheiro já está disponível para as cooperativas. Os financiamentos serão feitos na modalidade Empréstimo do Governo Federal (EGF), que têm a produção de laticínios como garantia, e terão taxas entre 14% e 15% ao ano. AG – São Paulo

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