Grandes usinas de geração de energia, estruturantes, deveriam ser leiloadas no futuro em conjunto com os projetos de transmissão que garantirão o escoamento de sua produção, de maneira que um mesmo investidor fique responsável por ambas as obras. Essa é uma das propostas da CPFL Energia para o futuro do setor elétrico.

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O presidente da companhia, André Dorf, lembrou que atualmente um concessionário de geração fica sujeito ao risco estrutural relacionado ao andamento do projeto de transmissão, já que, normalmente a usina é leiloada antes da linha de transmissão. “O empreendedor fica sujeito ao leilão de transmissão, e não sabe quem vai ganhar”, comentou.

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Esse tipo de problema está sendo enfrentando atualmente pela Norte Energia, responsável pela hidrelétrica Belo Monte. A concessionária já iniciou o comissionamento de algumas de suas usinas, mas uma parte das linhas de transmissão que garantirão o escoamento de sua energia está atrasada e há o risco de a usina não poder enviar sua energia para o principal centro de carga do País, no Sudeste.

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A proposta deve ser apresentada pela CPFL Energia na consulta pública elaborada pelo Ministério de Minas e Energia e que discute o aprimoramento das regras do setor elétrico. O texto final de contribuições a ser encaminhado pela companhia ainda está em elaboração, mas deve ser arquivado até o início de agosto, quando se encerra o prazo para recebimento de sugestões.

No final do ano passado, a CPFL Energia montou um grupo de estudos para discutir um novo modelo setorial e o resultado desse trabalho foi apresentado de forma sucinta a jornalistas na manhã desta terça-feira, 25. O trabalho da companhia foi concomitante com o aprofundamento do debate entre agentes do setor sobre a necessidade de uma reforma regulatória e muitos dos pontos sugeridos pelo grupo de energia já foram contemplados entre as propostas colocadas em audiência pública.

Dentre as principais ausências no texto governamental, em relação ao estudo feito pela CPFL, estão o possível leilão em conjunto dos projetos estruturantes de geração e transmissão e também o incentivo à ampliação das redes inteligentes, com a aprovação do investimento “ex-ante” e “remuneração favorável”.

“Se no futuro o desejo é ter um sistema de preço-horário e um fluxo bidirecional das redes, é preciso a digitalização das redes. Isso deveria começar desde já, porque leva muito tempo e tem custo elevado”, defendeu Dorf.

A vice-presidente de Operações de Mercado da CPFL, Karin Luchesi, também presente na apresentação, defendeu que a digitalização deveria assumir o status de um programa de Estado, a exemplo do Luz para Todos, com metas por distribuidoras. O vice-presidente de operações reguladas da companhia, Luis Henrique Ferreira Pinto, acrescentou que a execução de investimentos deste tipo leva mais de dez anos para ser concluída.