O dólar comercial terminou a quarta-feira em que o Copom (Comitê de Política Monetária) reduziu os juros para 26% aos R$ 2,890, e véspera de um novo feriadão, com valorização de 0,83%, após atingir a cotação máxima de R$ 2,925. Com a redução nos juros, a tendência agora é que a moeda norte-americana fique em torno dos R$ 2,90. Embora pequeno, o corte de juros coloca dinheiro no mercado, o que aumenta a capacidade de investimento em outros ativos financeiros, como câmbio e Bolsa.
Continuam pesando os rumores de que o BC vá mesmo reduzir os depósitos compulsórios nos próximos dias, outra medida que coloca mais dinheiro no mercado e pode pressionar a alta da moeda norte-americana.
Ontem à tarde, porém, o mercado não conseguiu sustentar alta maior devido aos rumores de que devem entrar nos próximos dias grande volume de recursos provenientes de captações feitas por empresas brasileiras no exterior.
“Acredito que a moeda norte-americana vai oscilar de R$ 2,87 a R$ 2,92 nos próximos dias”, diz Ivo Góes de Bessa, analista da corretora Levycam, para quem a redução anunciada ontem ficou dentro das expectativas. “Mas o corte não será suficiente para reanimar a economia.”
Nelson Carneiro, analista da consultoria GlobalInvest, concorda: “A única conseqüência prática dessa redução é quanto à dívida pública. A economia para o país será de R$ 173 milhões ao mês”. “E não está afastado o risco de recessão”, frisa.
Para o analista Bessa, se os números continuarem apontando desaceleração da inflação, o BC pode reduzir a taxa em mais 1 ou 1,5 ponto percentual em julho. Os investidores estão refazendo suas estratégias com base nessa aposta.
Também é grande a expectativa de redução do depósito compulsório. A diretoria do Banco Central continuou reunida ontem à tarde, o que inspirou apostas de que a medida esteja realmente no forno.
Risco e dívida
Um movimento de realização de lucros faz o C-Bond, principal título da dívida externa do país, despencar 2,02%. Ele foi negociado a 90,750% do valor de face após atingir 93% nos últimos dias.
O risco-país disparou 6,42%, para 729 pontos. O indicador mede a diferença de remuneração paga pelos títulos do Tesouro norte-americano -considerados os mais seguros do mundo – e os da dívida externa brasileira. Ou seja, ontem, os títulos do Brasil pagam 7,29 ponto percentual a mais do que os dos Estados Unidos.
Analistas destacam, entretanto, que o cenário do país continua positivo aos olhos dos investidores estrangeiros.