A diretora-gerente de ratings soberanos da Standard & Poor’s (S&P), Lisa Schineller, afirmou a jornalistas e analistas nesta quinta-feira, 18, que o novo corte do rating brasileiro é reflexo principalmente de fatores domésticos, e não de problemas externos.
O cenário externo mais desfavorável – com a China em desaceleração, queda das commodities, volatilidade do mercado financeiro mundial e o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) elevando juros – traz desafios adicionais ao Brasil, mas são os problemas internos que têm pesado mais na economia e na avaliação do risco de crédito do país, disse Lisa em teleconferência para comentar o novo rebaixamento da nota do Brasil.
“O cenário externo não está guiando as ações no rating brasileiro. A trajetória de rebaixamento dos ratings está vindo mais dos resultados da ação ou da falta de ação da política econômica doméstica”, afirmou a diretora da S&P. “O cenário externo torna as coisas mais difíceis, mas a história de crescimento, tão fraca como está, não é por conta dos preços das commodities”, salientou Lisa.
Para a S&P, a recessão no Brasil está ligada principalmente às consequências das investigações de corrupção na Petrobras, que tem reduzido a capacidade de investimento da companhia, e ao cenário conturbado em Brasília, o qual mantém o nível de confiança de empresários e consumidores em mínimas históricas.
Lisa ressaltou que os riscos no Brasil estão mais para o lado negativo e que uma eventual piora adicional nas contas fiscais e no Produto Interno Bruto (PIB) pode levar a S&P a rebaixar novamente a nota do País.
“A dinâmica da política em Brasília conteve a execução da política econômica”, afirmou ela, ressaltando que a combinação de economia em forte recessão, do espaço limitado para o uso da política econômica e do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff contribuem para que o ajuste seja mais lento do que o inicialmente esperado.
Perguntada sobre as diferenças entre a crise atual e as outras enfrentadas pelo Brasil no passado, Lisa ressaltou que o câmbio flexível é um ponto positivo e que as contas externas estão muito melhores agora, incluindo as reservas cambiais.