O corte no Orçamento de 2012 irá contribuir para que o Banco Central continue a política de redução da taxa básica de juros. “Na medida em que se cria poupança pública, o Estado poupa mais, com contenção de gastos de custeio, e num cenário de inflação em queda, e hoje a inflação está caindo no País, isso abre espaço para a redução da taxa básica de juros”, afirmou nesta quarta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

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A execução de uma política fiscal rigorosa é uma das premissas do Banco Central. Na ata da reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária (Copom), os diretores do BC reafirmaram que o cenário central para a inflação leva em conta a “materialização” das trajetórias com os as quais o Comitê trabalhar para as variáveis fiscais. E o que o presidente do BC, Alexandre Tombini, e seus colegas de diretoria esperam em termos fiscais é o cumprimento, sem descontos, da meta de superávit primário este ano.

Mantega insistiu que o corte de R$ 55 bilhões no Orçamento é suficiente para que o governo possa cumprir a meta de economizar R$ 139,8 bilhões para o pagamento de juros da dívida. A ministra do Planejamento, Míriam Belchior, também garantiu que o cumprimento da meta, sem ajustes, será prioridade. “O primário cheio é fundamental”, disse.

Desde agosto, o Copom já promoveu quatro cortes da taxa Selic, que atualmente está em 10,50% ao ano. Na ata de janeiro, os diretores do BC afirmaram que é “elevada a probabilidade” de que o juro siga em queda em direção ao nível de um dígito.

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Apesar do corte no Orçamento não ter ficado no tamanho imaginado por boa parte dos analistas, as apostas de continuidade da queda da Selic para patamar inferior a 10% não foram alteradas. Os contratos de juros futuros negociados na BM&F Bovespa com vencimento em janeiro de 2013, por exemplo, encerraram os negócios indicando uma taxa de 9,27%. (Colaborou Márcio Rodrigues, em São Paulo)