A nota enviada anteriormente continha uma incorreção. O Brasil cresceu em média 4,5% ao ano no período de 2004 a 2008, e não como constou. Segue abaixo a nota corrigida.
O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, afirmou nesta segunda-feira, 26, que o Brasil precisa passar por ajustes para voltar a crescer em ritmo mais acelerado. Na média de 2004 a 2008, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 4,5%, enquanto nos quatro últimos anos caiu a 2% ao ano, frisou o economista. “O Brasil precisa de ajustes, não pode ser acomodar a crescer menos de 2%”, disse Goldfajn.
Apesar disso, Goldfajn reconheceu que o País não deve sequer atingir tal taxa neste ano. “O crescimento em 2014 dificilmente será maior que 1% ou 1,5%. Uma taxa de 1,5% já é otimista”, disse o economista. Segundo ele, a queda nos investimentos será crucial para tal desempenho.
“Os investimentos não vão crescer, falta confiança nas regras do jogo”, disse Goldfajn, citando os índices de confiança dos empresários próximos aos níveis de 2008, a pesada carga tributária praticada no País e a visão do governo de que “lucro lícito é algo ruim”.
“Mas, na medida em que haja ajuste no ano que vem, o investimento pode voltar a subir”, frisou o economista, em evento da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), na sede no Centro do Rio.
Projeções
Para Goldfajn, o Brasil deve continuar crescendo em média 2% ao ano nos próximos quatro anos. A previsão leva em conta o cenário “mais provável” para as eleições de outubro: reeleição da presidente Dilma Rousseff e ajustes na política econômica a partir de 2015.
Segundo Goldfajn, o governo deve reconhecer que “algo não está bem” e deve promover ajustes, mas não tão intensos quanto seria necessário. “Acho que o governo vai reconhecer que crescer 2% não é algo bom. Não é preciso ser um gênio para concluir isso. Mas não acho que isso vá levar a grandes mudanças de política”, disse o economista.
A partir da reeleição, o cenário mais provável é que o governo deverá, segundo Goldfajn, fazer os “mínimos ajustes necessários para sobreviver”, já que terá consciência de que muitos investidores terão de deixar o Brasil caso haja um novo rebaixamento da nota de crédito pelas agências de classificação, entre outras consequências.
“Não vai ter crise, mas não vai ter crescimento. Teremos um crescimento de 2% (ao ano) nos próximos quatro anos”, disse Goldfajn.
Outros dois cenários possíveis, mas menos prováveis, seriam o da mudança de presidente e o da reeleição de Dilma sem que houvesse nenhum ajuste. “Se houvesse mudança, seria mais fácil fazer ajustes, porque não tem um legado a zelar”, frisou Goldfajn. “Já o terceiro cenário traria muita volatilidade, e é pouco provável por ser tão pouco racional. O crescimento iria para zero”, acrescentou.