O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, adiou mais uma vez a decisão sobre a correção da tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). Segundo o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, o ministro prometeu uma resposta definitiva para o dia 1.º de junho. Marinho informou que, na reunião de ontem, o ministro Palocci disse que o governo não deseja a correção da tabela, mas admitiu essa possibilidade. Apesar de a reunião não ter sido definitiva, como os sindicalistas desejavam, Marinho manifestou plena confiança de que a tabela será corrigida ainda este ano. “Temos segurança de que vamos arrancar a correção da tabela do imposto”, afirmou.
Marinho disse que Palocci admitiu a possibilidade de corrigir a tabela, mas a medida teria que ser combinada com mudanças nas alíquotas do IR, para cobrar mais dos contribuintes que ganham salários elevados. “Governo é igual a feijão. Só vai à base de pressão”, disse Marinho. Os sindicalistas contam com o calendário eleitoral desse ano para convencer o governo. “Eu quero lembrar a todos que as eleições são este ano. Imagine uma campanha que atinge 8 milhões de contribuintes, todos formadores de opinião”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijoó.
Segundo ele, o congelamento da tabela representa, na prática, um confisco da renda do trabalhador pelo governo e não há espaço para uma resposta negativa do governo.
A Receita estuda várias alternativas, entre elas a criação de uma alíquota de 35% para quem ganha mais de R$ 10 mil ou R$ 12 mil por mês. Em vez das duas faixas que existem hoje (15% e 27,5%) haveria três: 15%, 25% e 35%. Essa reformulação poderia ser combinada ainda com uma correção do limite de isenção, hoje em R$ 1.058,00. Segundo Marinho, na reunião com Palocci chegou a se falar numa alíquota de 30%.
Os dois dirigentes sindicais também estiveram com o presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), que prometeu pedir urgência para a votação do projeto de correção da tabela, depois que for desobstruída a pauta de votação -hoje, trancada por conta de duas medidas provisórias. “O presidente Lula é que disse que iria reajustar. Nossa idéia é dar conseqüência ao pedido do presidente”, afirmou João Paulo.