Copom vê piora e riscos relevantes na alta dos preços

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avalia que as projeções de inflação demonstram deterioração do cenário para os preços. A constatação está na ata da reunião de junho do colegiado, divulgada esta manhã. "De fato, a deterioração do cenário prospectivo se manifesta nas projeções de inflação consideradas pelo comitê", cita o texto.

Além de observar a deterioração das condições, o BC cita que os riscos para a evolução dos preços são "relevantes". "Diante dos sinais de aquecimento da economia, como ilustram a aceleração de certos preços no atacado e a trajetória dos núcleos de inflação, e da rápida elevação das expectativas de inflação, são relevantes os riscos para a concretização de um cenário inflacionário benigno", cita o mesmo trecho do documento.

Ainda sobre a evolução dos preços, os diretores do BC lembram que "a persistência de descompasso importante entre o ritmo de expansão da demanda e da oferta agregadas tende a exacerbar o risco para a dinâmica inflacionária".

Diante dessa possibilidade, o BC defende a atuação do Copom "por meio do ajuste da taxa básica de juros". Na avaliação dos diretores, o aperto monetário "contribui para a convergência entre o ritmo de expansão da demanda e oferta" e também "evita que pressões originalmente isoladas sobre os índices de preços levem à deterioração persistente das expectativas e do cenário prospectivo para a inflação".

A defesa das decisões tomadas pelo Copom é reforçada no mesmo trecho do documento, quando os diretores afirmam que a atuação do BC contribui "para a sustentação do crescimento". Essa contribuição ocorre, na visão da autoridade monetária, porque a expansão da economia "requer estabilidade, previsibilidade e a conseqüente extensão do horizonte de planejamento das empresas e famílias, bem como para resguardar os importantes incrementos na renda real dos assalariados observados nos últimos anos".

"Assim sendo, o Copom reitera que as decisões de política monetária necessariamente levam em conta as defasagens do mecanismo de transmissão, e são parte de uma estratégia dinâmica cujos resultados serão evidenciados ao longo do tempo", completa o trecho.

Alta do juro

Na reunião realizada nos dias 3 e 4 de junho, o Copom decidiu elevar o juro básico da economia, a taxa Selic, em 0,50 ponto porcentual, para 12,25% ao ano. No encontro anterior, em abril, o colegiado também havia elevado a Selic em 0,50 ponto. Nas duas reuniões, o aperto monetário foi decidido de forma unânime entre os diretores da autoridade monetária.

No mercado financeiro, alguns analistas reclamaram do comunicado divulgado logo após a decisão do Copom. O texto foi bastante curto e informou apenas que "dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa de juros básica iniciado na reunião de abril, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 12,25% ao ano, sem viés".

O tom do comunicado foi diferente daquele visto em abril, quando os diretores do BC informaram que estavam realizando "de imediato parte relevante do movimento da taxa básica de juros" e que a decisão vai "contribuir para a diminuição tempestiva do risco que se configura para o cenário inflacionário e, como conseqüência, para reduzir a magnitude do ajuste total a ser implementado".

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